Nos 42 textos reunidos nas páginas que se seguem, Paulo Emílio Azevedo filia-se a “tradição” da crônica com um olhar original, peculiaríssimo. A rua aparece como espaço de embate. De um lado, os vínculos afetivos, a cidade na qual tocamos e pela qual somos tocados. Antigas barbearias, o pão na chapa com café fresco, uma criança mascando chiclete. Do outro, a urbe gourmetizada, que apaga identidades — e potências — em nome da assepsia do “novo”.
Encanto-me com as coisas simples da vida — esse é meu jeito de andar pelo mundo”, escreve o autor, como uma espécie de profissão de fé. Em sua caminhada, Paulo Emílio perscruta pequenezas que não raro passam despercebidas no cotidiano. Os títulos das crônicas, grafados em letras minúsculas, já sinalizam a procura pelo tom menor, por iluminar a transcendência do que é aparentemente banal. O projeto gráfico da Casa Philos deixa o livro ainda mais incrível.
O Maracanã pode tomar a forma de um quintal em Macaé. Assim como a Festa de São João pode voltar à memória no palato, a reboque do sabor do pé-de-moleque de Dona Efigênia, ou do quentão de Seu Luís. Sem pressa, porque Paulo Emílio bem sabe que a correria é inimiga do cronista. E tempo, ele mesmo diz, “é diferente de relógio. Ter tempo é não ter relógio”.


ATENÇÃO: O livro encontra-se ESGOTADO no catálogo.