O Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis, apresenta o espetáculo teatral “Raízes”, com o Coletivo Denegrindo, no dia 1º de julho de 2023, às 18h. O evento integra a programação cultural gratuita que acompanha “Um oceano para lavar as mãos”, exposição inaugural do CCSQ. Falas, batuques, danças, poesias, olhares, choros e risos tratam de temas como as solidões do povo preto, e o caminho para as resoluções de questões singulares de seu cotidiano. O espetáculo recebeu o Prêmio Maestro Guerra Peixe 2023.
“É o contato com o que há dentro de cada preta e cada preto que toca o coração e o íntimo de quem anseia pela nossa melhora”, diz Maicon Viana, idealizador do Coletivo Denegrindo em 2019. “Raízes” “é um corpo que balança e entende que ser filho de preto é ter sempre o peito em busca do sol, mesmo que olhares brancos nos fitem e nos gritem: Negra! É a espiritualidade enraizada através dos ancestrais que se mantém viva”.
O Coletivo Denegrindo, primeiro grupo de teatro em Petrópolis formado em sua maioria por artistas pretos, é composto por Ariel Barbosa, Cleonice Fernandes, Izaque Z, Leandra Lima, Maicon Viana, Matheus Almeida, Matheus Teles, Nicole Pinheiro, Soninha Maracanã, Simone Gonsalves, Yuri Mendes, Yago Carvalho e Vinicius Topre, que atuam na música, teatro, dança, pintura, entre outras áreas da arte.
A estréia do grupo foi com a peça “A Mulher Maracanã”, em torno da vida da matriarca do grupo, Soninha Maracanã, referência de arte negra em Petrópolis, e está à frente da Rane, casa de cultura negra.
o Coletivo Denegrindo
O Coletivo Denegrindo é o primeiro coletivo de teatro em Petrópolis formado em sua maioria por artistas pretos. Idealizado em 2019 pelo ator Maicon Viana com o intuito de reunir talentos pretos da cidade, o coletivo tem como principal foco a questão racial. Passado o período de confinamento, em 2020, os integrantes do Denegrindo passaram a se encontrar e a desenvolver a peça “Raízes”, que venceu a categoria Teatro do Prêmio Maestro Guerra Peixe 2023.
Karyna Gomes – África, América Latina e Europa
A cantora, compositora e percussionista Karyna Gomes, nascida em Bissau em 1976, e hoje morando em Torres Vedras, ao norte de Lisboa, vai mostrar músicas de seus dois álbuns – “Mindjer” (2014) e “N’Na” (2021) –, em crioulo guineense, idioma derivado do português, acompanhada por uma banda criada especificamente para este espetáculo, formada majoritariamente por mulheres.

Karyna Gomes, filha de pai guineense e mãe cabo-verdiana, foi para São Paulo em 1996, cursou jornalismo pela PUC, e integrou o grupo gospel Rejoicing Mass. Já formada, voltou a Bissau em 2001, onde trabalhou em vários veículos de comunicação. Foi então convidada por Adriano Ferreira (Atchutchi) a integrar o histórico e revolucionário grupo Super Mama Djombo. Em 2011, foi morar em Lisboa, e sua música reflete a vivência em três continentes – África, América Latina e Europa.
Com excelentes críticas em Portugal e no universo da World Music, Karyna Gomes foi contratada em 2020 pela gravadora Kavi Music, e contemplada pelo Ibermusicas 2023, programa de cooperação internacional multilateral dedicado exclusivamente à música, que promove a presença e o conhecimento da diversidade musical ibero-americana, estimula a formação de novos públicos na região e expande o mercado de trabalho para os profissionais do setor.
Karyna Gomes é também percussionista e toca a tina, uma cabaça, instrumento típico criado por mulheres mestiças da Guiné-Bissau há cerca de 200 anos. Para a artista:
“Voltar para o Brasil como cantora, depois de dois álbuns lançados e dezenas de concertos realizados um pouco por todo o mundo, faz-me viajar por todo o meu trajeto musical até aqui e criar um repertório que conta esta história. Não podia apenas trazer um disco novo que está em tour há dois anos. Ao público desta terra que tanto significa para mim espiritualmente e musicalmente, terei de trazer a sonoridade que fui construindo ao longo destes anos”
A direção musical do espetáculo é de Guilherme Kastrup, e os músicos são Bia Lima (baixo), Tâmiris Silveira (teclado) e Rafa Barreto (guitarra).
“Sou uma cantora urbana, mas que também tem uma raiz tradicional, como quase todos os músicos africanos. A minha música é isso mesmo, a minha música da Guiné. Nossa pátria é nossa língua ou nossas línguas. No meu caso, tenho várias pátrias porque também estreei a cantar na língua lusa, tanto quanto o crioulo. Os rótulos nos limitam e ponto. Somos uma legião de artistas pop da Guiné-Bissau, e vamos gradualmente ganhando espaço no universo lusófono e mundial”.
No show, Karyna Gomes vai cantar composições suas, como “Mindjer di Balur”, “Sinal di Mindjer”, “Baluris Torkiadu”, “Gumbe Sperança”, “Gustu di Mel”, “N’Na”, “Speransa” (parceria com Ariel e Maninho) – e as canções “Mindjer i Mamé”, de Norberto de Carvalho, “Amor Livre” e “Udjus di Mundo”, de Zé Manel Fortes.
Um oceano para lavar as mãos
A exposição “Um oceano para lavar as mãos”, que tem curadoria de Marcelo Campos e Filipe Graciano, reúne obras dos artistas negros Aline Motta, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Azizi Cypriano, Cipriano, Juliana dos Santos, Lidia Lisbôa, Moisés Patrício, Nádia Taquary, Rosana Paulino, Thiago Costa e Tiago Sant’ana, que ocupam um espaço monumental de 3.350 metros quadrados do Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis.
A exposição é acompanhada, até seu término, em 17 de setembro de 2023, de uma programação gratuita de música, cinema, teatro, literatura, atividades infantis, oficinas e seminários. O Café Concerto do Centro Cultural Sesc Quitandinha, amplo teatro com capacidade para 270 pessoas, sedia a programação de música e cinema. A curadoria de música é do cantor, compositor, violonista e poeta baiano Tiganá Santana. A mostra de cinema tem como curador Clementino Junior, cineasta dedicado à difusão da obra audiovisual racializada. Flávio Gomes, pesquisador do pensamento social e da história do racismo, da escravidão e da história atlântica, é o curador das ações da linguagem escrita, literária e oral, formatadas como seminários, na Biblioteca.
O grupo Pretinhas Leitoras, formado pelas gêmeas Helena e Eduarda Ferreira, nascidas em 2008 no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, está à frente das atividades infantis, que são feitas na Sala de Crianças do CCSQ. Para ampliar a percepção do público das obras expostas, estão programadas seis oficinas, e a primeira delas será o Ateliê de Artista, com Cipriano.
Serviço: Espetáculo teatral “Raízes”, com o Coletivo Denegrindo, dia 1 de julho de 2023, às 18h no Centro Cultural Sesc Quitandinha, Avenida Joaquim Rolla, nº 2, Quitandinha, Petrópolis. Entrada gratuita.
Serviço: Show “Karyna Gomes – África, América Latina e Europa”, dia 8 de julho de 2023, às 18h no Centro Cultural Sesc Quitandinha, Avenida Joaquim Rolla, nº 2, Quitandinha, Petrópolis. Entrada gratuita.