Após uma década, a ArtRio segue na construção de uma linguagem que delineie os campos de força criados pelos encontros de tantas obras e artistas de lugares, vivências e momentos distintos. Reafirmando seu compromisso – e de sua realizadora Brenda Valansi – com a divulgação da arte brasileira, do trabalho das galerias e de seus artistas.

Ao longo dos primeiros dias do festival, rodeados de críticos, artistas, curadores, realizadores e apoiadores de arte de todo o Brasil, desenvolvemos debates acerca das obras e artistas apresentados na 11ª edição da feira. E aqui traçamos um panorama dos projetos expositivos e obras que, para além da própria significação artística, orbitam as crises políticas, sociais, ambientais e econômicas que seguem em curso e se aprofundam em nosso país.

Cabe mencionar também o louvável programa audiovisual MIRA, que deu espaço para a produção audiovisual de jovens e consagrados artistas nacionais com destaque ainda para o precioso trabalho de Manauara Clandestina, com os curtas Corredor e Building; e para o aclamado Swinguerra, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, que abriu a Bienal de Veneza.

Destacamos também o arranjo descentralizado do pavilhão externo que recebeu o Vista, um programa dedicado às jovens galerias e projetos de arte; e que mostrou-se um espaço de efetivação de várias propostas educacionais e de centralidades periféricas, reivindicando essa necessidade da arte – não apenas relacionada aos negócios-, e apontando questões ainda distantes dos olhos excludentes da nossa sociedade.

A nossa cultura de latinidade está presente nas manifestações artísticas, no convívio, no relacionamento entre as pessoas e na apropriação democrática dos espaços públicos. Temos a alegria de apresentar as 20 highlights da programação da ArtRio 2021 e fomentar o diálogo entre pessoas, porque sabemos que a cultura tem o poder de desenvolver o senso crítico e aperfeiçoar o exercício da cidadania:

  1. Janaina Torres Galeria, que apresentou as cerâmicas da obra Lido, de Paula Juchem; a série Terra sobre terra I e II de Andrey Zignnatto, e o emblemático PEC 215, de Osvaldo Carvalho.
  2. Verve, que apresentou a série Quilombo banal, Vovó Cici e Retratos de família, de Shai Andrade. Para além de todas as belíssimas fotografias de Ana Beatriz Almeida da série Tchidohun.
  3. Martha Pagy Escritório de Arte com a série de caneta Bic Sem título de Joe Seiler e os bordados Penumbra, Pororoca e Cosquinha de Maria Flexa.
  4. RV Cultura e Arte, que apresentou Templo, de Pedro Marighella e O nome da terra, de Isabela Seifarth.
  5. Galeria Estação, com a série Álbum de família de Moisés Patrício.
  6. Soma Galeria destaque para a obra poética Ofereço companhia – partículas, de Anna Costa e Silva e para a instalação Epa Babá, de Thalita Rossi.
  7. Bianca Boeckel Galeria, com a obra Menino com brinco de cereja, de Camila Alvite.
  8. Galeria Mapa, com obras da artista Belba Marcolini.
  9. Almacén Thebaldi Galeria, com destaque para as obras No metrô I e II da série Pandemia, de Eduardo Ventura.
  10. Galeria Lume, com a obra Qual o peso da sua consciência?, de Gabriella Garcia.
  11. Anita Schwartz Galeria de Arte, com Óculos para Ernst Lanzer #4, de Otavio Schipper.
  12. Bordallo Pinheiro que apresentou o resultado das residências artísticas organizadas na fábrica de cerâmica em Caldas da Rainha (Portugal), com destaque para Carlito Carvalhosa em sua A disciplina do Sexo; Luiz Zerbini com sua Rio doce e Sermão aos peixes, de Tonico Lemos Auad.
  13. Casa Triângulo que trouxe projetos de Mariana Palma e uma série espetacular do artista O Bastardo.
  14. Fortes D’aloia & Gabriel com a obra Jardim n.57 de Lucia Laguna.
  15. Karla Osório, com obras de Élle de Bernardini, Moisés Patrício e a série Catarata, de Selva de Carvalho.
  16. Galeria Nara Roesler, com a obra View of Rio de Janeiro, a partir de Thomas Ender, do grandioso Vik Muniz
  17. Simone Cadinelli Arte Contemporânea, com obras e solo de PV Dias e Pedro Carneiro. 
  18. Vermelho, com obras de Rosângela Rennó (Brasil, 2019) e Jonathas de Andrade com a sua Fome de Resistência – A Mão Kayapó Menkragnoti, da série Infindável Mapa da Fome.
  19. MT Projetos de Arte, que apresentou individuais de Gervane de Paula e Rafael Matheus Moreira.
  20. Luis Maluf Galeria de Arte que apresentou a delicada Perambulação de Aline Bispo e Reflexo 04, de Vinicius Parisi.

Louvável também o trabalho de Instituições e ONGS como a Rede NAMI, que visa a equidade de gênero e empoderamento de mulheres sobre seus direitos através das artes; o Instituto Inclusartiz, capitaneado por Frances Reynolds para fomentar arte e educação; o Instituto Vida Livre, que luta pela soltura e reabilitação de animais silvestres; e a mostra Resistir para existir da Rede LatinasDa agenda cultural paralela da ArtRio, destacamos ainda as exposições:

  1. Meu corpo todo sente, coletiva da Casa Bicho com André Moura, Clara Martins, Gabriela Ferro, Jefferson Medeiros, Lucas Ururah
  2. Eu vim de lá, solo do artista Jota, apresentado pelo MT Projetos de Arte
  3. Desarmonia, um solo de PV Dias, apresentado pela Simone Cadinelli Arte Contemporânea
  4. Yorùbáiano, solo de Ayrson Heráclito apresentado pelo Museu de Arte do Rio – MAR
  5. Coisas que vem do alto, coletiva da Casa Voa com Maria Flexa, Carolina Kasting, Clarice Rosadas, Lulo Chaumont, Marcelo Macedo, Maria Flexa, Mateu Velasco e Sofia Seda

Kátia Bandeira de Mello Gerlach é natural do Rio de Janeiro e radicada em Nova Iorque, formou-se em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É mestre em Direito Internacional Privado pela Universidade de Londres e pela NYU School of Law. Corpo docente da Universidad Desconocida do Brooklyn sob a reitoria de Enrique Vila-Matas. Publica no Jornal Rascunho. É curadora e membro do Conselho editorial permanente da Philos.

 

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