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Confesso que nunca fui de observar a lua me olhando,
mas de uns tempos para cá tenho observado
Vejo nela as mãos dadas dos retirantes
Saem ora do pé, ora do ombro, ora até da orelha!
Ontem desejei com toda minha força que parassem de
se dirigir ao centro
Aquele que acolhe todos com tanto afinco,
tanta ternura, tão doce rapadura.

Me disseram que dor é sina
E que tudo na vida acaba em ”or”
Por isso a esperança é menina
Fita verde nos cabelos,voz branca em anúncio de paz.
Mas…E os retirantes?
Dor, amor, estupor, fome. Por que carregam essa menina?
Quão sórdida aspirina, apenas mais uma morte severina.

Vagante em amargura seca
escorre entre pórticos e aldravas e,
C(entro), dentro enfim, e sento
Observo a lua sussurrar algo sobre retirantes
Coloco a mão no peito, e em repentina agudez
A menina morreu de sede.
Espaço imerso revelado, rochoso, rachado.

Procura-se semente que alimente o retirante centro
Ao centro retirante, cura-se.


Gabriel de Melo Cardoso (Balneário Camboriú, 1997). Escritor, filósofo, tanatólogo e poeta.

Publicado por:Philos

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Um comentário sobre ldquo;Dossiê de Literatura Neolatina: Mostra de poesia lusófona, por Gabriel Cardoso

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