Erros. Quem nos escuta?
Poetizar evoca o pensar?
Cantigas de avós ensinam
Mães a lavar roupas e almas.
Observo olhos
Alguns brilham no breu
Outros cegos caminham
Sabiás gorjeiam
Tico-ticos brigam.
Esperança na quarentena
Enjoados de nós mesmos – enlouquecemos
Filhos com medo do bicho-papão–pais
Ficar sozinhos não sabemos
Somos nossos próprios inimigos.
Borbulhamos risos loucos,
Matamos, feras bestas, maldita quarenta!
Desgraçados Homo “sapiens”
Brincamos com vidas
Temo pandemias novas ou antigas
Deuses e demônios, ambições e desculpas
Novas vacinas para velhas vidas
descritas em papiros
Anjos tortos, loucos, matamos de sede e fome nossos semelhantes
Homem, pasto, cegonha, lobo manso
Pandemia, enxerga arte marginalizada – salvação
Histeria, prato do dia, nos agita
Homo sapiens, vírus velado
Mata mais que pandemia
Estupro, machismo, homofobia
Mundo que a tempos vivemos
Vacina para isso e muito mais
Respeito! Me respeite!
Eu te respeito!
Homem indigno, seu egoísmo destrói vidas
Assombros do século XXI
Pensem comigo:
Negamos água ao próximo
Nesse tempo que tudo seca e a vida
Se esvai em promessas.
Sábias eram as minhas avós e suas ancestrais
ao me ensinarem:
“Água não se nega”.
Salvemo-nos de nossa existência.
Alexandra Jacob (São Paulo, 1974). O ano 74, outubro, cheguei, engatinhei e em passinhos caminho até hoje. Piracicabana, Bacharel em Direito, estou com amigos em trabalhos no Salão de Arte Contemporânea da Cidade. Curadora, compositora, eis o que há para saber, o amor as letras me trouxe aqui.
A fotografia que acompanha o poema é de autoria de David Segarra, da Catalunha.