Artista natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Vitor Santos dedica seu trabalho à música e à literatura. Em 2018 lançou Mirágio – confeccionado artesanalmente em stêncil e publicado de maneira independente. Junto ao Bando Aluá lançou em 2020 o EP e álbum visual GRUTA, tendo o poema “Fóssil” como uma das faixas, num arranjo de experimentação de poesia-perfomance sonora. Em 2021 colaborou com a revista literária Sucuru. Revisor e tradutor, o artista também se dedica à capoeira angola junto ao GCAN’golo. Na mostra de poesia neolatina apresentamos ALMENARA, uma mostra de poemas do artista. As artes que acompanham os textos são estudos de Mariana Oushiro, feitos em 2017 e são outtakes da Philos Reposter: 



seiva

Alaúde, cuíca e pau de chuva.
Qual move as molas das plantas,
desabrocha flores, faz a água manar?
Quem sopra o trompete cromático
do tombo d’água
no precipício?
Quem tange a lira do lajedo?
Quem canta aí fora na varanda de Dona Ana? Waly Salomão

tu, que não cala ao meu ouvido;
que descansa na folia
vigia meu sono e minha rima:
—tua vigília é minha guia

vela de acender primeiro
lume e candeia dos olhos
e dessa casa bonita que habitas
sem telha nem viga
que por buraco nenhum se espia

sobre este chão assento noite luzidia

não há corpo :: território sem fronteiras 

o que separa um tempo de outro?
qual imã guarda o caminho? 

nascer é degredo
viver é naufrágio e deságio
sob a luz desta terra
esta terra em vistas de desaparecer pelo próprio apetite
pela voracidade dos próprios dentes;
a cidade é a carne nua e degradada pelos vários sóis

o corpo é o espaço de todo espaço

Publicado por:Philos

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