Silêncio com o seu nome, Júlia
Há algo como o seu nome tombando da estante,
Me vem à mente, quando circulo nos lados de cá.
Há algo profano, poético, esfarelado, cintilante,
E há azul, anil, há calma, paz, há pés de maracujá.
Nessa tarde, caiu do calendário um sorriso aparelhado,
Que me seguiu, continuamente, todo o dia.
E eu, crente, crente que havia me acostumado,
Senti no peito necessidade de expô-lo em galeria.
Fiz poema pra alimentar toda a cidade,
Que te ofereço como quem se curva ao ser humano.
Poema nascido calado, pela sua lealdade,
E pela sutileza, alimentando o quotidiano.
Te fiz poema pelos mundos que me aflora,
Agradecendo eternamente a paciência,
Pela arte, rainha, e por antes, por agora…
Me escondendo, poesia, sob a sua sapiência
Por esse mundo, onde te olho e sorrio enamorada,
Como se a vida me presenteasse diariamente,
Com teu gorjeio apaixonado d’alvorada,
Que me invade o peito e ecoa mansamente.
E findando esse silêncio que te encaminho,
Quero agradecer por me bordar, sem nem agulha,
Essa espécie encantadora de um ninho,
Onde eu volto, sempre que você me falta, Júlia.
Hozana Bidart (Rio de Janeiro, 1997). Encontra na poesia uma forma de desconstrução: da LGBTfobia, do machismo, do racismo, de preconceitos sociais e culturais e, acima de tudo, luta pela sua ideologia de que a poesia nasceu para ser acessível a todos, como uma espécie de voz e alento, sem perder uma delicadeza poética única.
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