Condor
A noite se encheu de estrelas mortas,
estrelas de sombra,
filhas, netas, bisnetas de meus antepassados;
esposas de Deus, amantes de Maria,
penetradas e lambidas.
Invejei-as,
clamei pelo sêmen divino.
Desnudei-me, santifiquei-me.
Um minuto de silêncio, um sussurro débil,
e renasci como um poema oculto no ventre de uma casa vazia, presa à sombra de um verso nu.
Um dia, talvez, Deus haverá de me comer.
Tereza Duzai (Balneário Piçarras, Santa Catarina, Brasil, 1971). Sou poeta e contista, já participei de alguns concursos literários sendo classificada para publicação em alguns e vencendo o III Concurso UFES de Literatura – 2015 – categoria poesia.