CLIQUE E COMPRE O SEU!

Em seu segundo livro, Chris Facó, escritora finalista do Prêmio Jabuti 2021 de Melhor Capa com Horizonte, apresenta seu lado mais poético. Sobre a obra, a autora nos conta: “Enquanto espero o exterior se apaziguar, adentro no espaço interno de mim. Revisito cômodos adormecidos, esquecidos, passeio por densas superfícies de pó, tudo é neblina. Nesse processo íntimo, preciso que a natureza me dê seus respiros, amanheço com o mar e seu ineditismo. Busco leituras que signifiquem esse momento. Sigo. Tenho tempo para escavar memórias, fazer um inventário de (com) palavras. Descasco as camadas que me habitam, vou ao âmago até quase desaparecer. Penetro nos abissais de mim. Escrevo para me transbordar, para não me afogar. O Nascer de Todas as Coisas é fruto dessa reflexão”.

O Nascer de Todas as Coisas é um belíssimo livro de poemas acompanhado de pinturas de Maria Flexa. Para Saeed Jones, crítico da Poetry Foundation e vencedor do Kirkus Prize for Nonfiction:

Eu sou um escritor e como leitor, quero ir para onde está o sentimento, e este livro é essa mecca. vamos para dentro, para o nascer de todas as coisas e possibilidades infinitas. eu li, aprendi e amei esses poemas por esse mesmo motivo. Saeed Jones

Aqui apresentamos uma mostra de dois poemas inéditos do livro:

horizonte

caminho com água nos pés
transparentes memórias
deixam pegadas
o mar
acalenta os passos
antevê seus desejos
sua água rasa
reverbera por quilômetros
alcança o horizonte
não transparece que abriga
tempestades
posso caminhar por séculos
no mar
estou em casa

rodopio

nenhuma palavra que caiba
nessa noite imensa
nas aragens dos dias
nas suaves planícies
na dor cíclica que habita esse universo
e o calor esculpindo os dias
impassíveis diante da eternidade
pequenas doses de felicidade caem dos olhos mas logo se perdem
evaporam e continuo com o olhar a devorar palavras
a me perder nas metáforas
de outras gerações
percorrendo o mesmo caminho
em círculos
até o início até o fim
respiro
quero gritar
romper esse círculo de sofrimento
sair correndo com o vento
me encontrar em devaneios
o fim é o começo

Publicado por:Philos

A revista das latinidades