Apresentamos um poema inédito da escritora Pam Araújo, autora do livro hídrica – palavra em estado de mergulho, que será publicado pela Casa Philos na primavera. Sobre o livro, a artista nos conta os seus processos:

esse livro é como uma fissura que cicatriza aos poucos, para poucos. o corpo tem memória, dizem, revisitei muitas para chegar aqui, criei asas como crio rótulos para minhas poesias, sem títulos para que você voe como eu. aviso: falo muito sobre mim, é um túnel dentro do momento em que espero tudo. meus poemas têm o ritmo de quem pisca para um amor passageiro enquanto perde o ônibus.

Sem mais delongas, leia com exclusividade um poema do hídrica – palavra em estado de mergulho:

queria ganhar o mundo através de um poema
mas a cadeia dos acontecimentos incendeia ideias e
ônibus.
já que tudo é poesia
deixo as bem faladas para outros
a doçura dos poemas
falsas frases legendas
internéticas reverberam a rodo nas sairavas.
não desperdice a fuga como poeta.
um poema.
meu subconsciente sempre foi na busca da escrita.
esses eu mostro
e não me culpo.
são gírias e mais gírias de cotidianos escritos
na sola do 3738 Cohab José Bonifácio
e tem tantos outros números que marcam.
e nem
por
isso
deixei de escrever.
queria ganhar o mundo através de um poema,
mas qualquer palavra que eu possa pensar estala
meus dedos ao lado oposto das teclas.
tenho poemas letrais
mentais
reais.
tenho um problema enorme quando estou sem
escrever.
queria ganhar o mundo com poema
mas poemas não foram feitos para ganhar o mundo
e sim enganá-lo.


Hídrica, de Pam Araújo com fotografias e colagens de Thales Banzai. Clique e Compre na Pré-venda!

hídrica – palavra em estado de mergulho
Pam Araújo com fotografias de Thales Banzai
Em pré-venda no catálogo até 25 de novembro
Casa Philos (primavera-verão de 2020)

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hídrica – palavra em estado de mergulho é um convite à transbordar de si em pam araújo. ao nos respirar dela, o que a gente ganha é mais tempo pra entender nossos vários mares abertos. a poesia que escorre por essas páginas é sobre nadar em tempos de seca… uma mistura-mandinga de tom zé, são jorge, são paulo, de bom-dia e sexy-sementes. crua coragem do corpo escrito de uma mulher poeta. é tudo o que a gente espera e sal e afeto e mais. na genialidade de Pam, ao final, mesmo depois de tanto balanço e de água até o pescoço, sentimos os pés na areia e estamos prontos pra mergulhar… de novo. — nalü romano


pam araújo escreve desde que se entende por gente dos diários derramados de poeminhas até o grito que desentalou em 2012 quando conheceu os saraus, iniciou a apresentação física de seus poemas através de fanzines servielas (2013) e fotossinta-se (2014) em 2016 co-idealiza o slam das minas sp. participou de algumas antologias e em 2017 lançou seu primeiro respiro em solo escrito “buraco” do ser mulher um salto pra fora da escuridão, com uma segunda vista buraco tem sua segunda edição em 2018. em 2020 num nado poético chega com seu novo livro “hídrica, palavra em estado de mergulho” com a editora philos. feito de tudo que poderia afogar, mas resolveu beber.

Publicado por:Philos

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