acerca da obra de Julia Lemos

Tem vida longa a poética de Julia Lemos. É como o alívio momentâneo das correntes dolorosas e agridoces da angústia que as linhas de seu mais recente livro “A exposição dos sóis” se apresentam e, ao observarem o sublime e o terrível da vagues da imensidão que se entrelaçam elas página por página, constituindo pequenos feixes de luz que nos iluminam.
Brotam das páginas valiosos resultados das coisas ínfimas: o amor e a dor que não são possíveis de serem contidos pela palavra e que, ao diminuirem-se dentro de si mesmos, tornam-se brutalmente belos. Das nuances tempestuosas do sexo e da vida à cadência do amor e da dor, a poesia de Julia Lemos começa e termina em silêncio e reticências, dentro de uma linha estilística que amarra sua produção: é ensolarada, doce, autêntica, como as manhãs salgadas de Recife.
Magistralmente, o leitor atento, ouvinte destes ventos poéticos é colocado à força em uma ilha cheia de ruídos e instrumentos estridentes zunindo aos ouvidos, irritando o acinzentado tecido cerebral, que se agita e incomoda perante o conhecido e relacionável.
Solidão e sensualidade mancham estrategicamente os versos de adoração ao mundo, ao universo que nos faz uma pequena parte fagocitada de seu todo. O inanimado e o vivo tornam-se um só e, por regra matemática, um torna-se o outro. A alma poética marcada nas letras escolhidas da ordem específica dentre tantas outras faz com que a carne fraca transforme-se aqui em areia da terra, e as lágrimas dos olhos oceânicos evoluam em poemas.

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Publicado por:Philos

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