O Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis, apresenta Mostra de Cinema “Um Oceano para Lavar as Mãos” entre os dias 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2023, onde serão exibidos nove filmes – entre longas e curtas – que irão compor um panorama das experiências afro-diaspóricas no cinema contemporâneo. As sessões são gratuitas, e serão seguidas de debates com os diretores e o curador da Mostra de Cinema, Clementino Junior. A Mostra integra a programação cultural que acompanha “Um oceano para lavar as mãos”exposição inaugural do Centro Cultural Sesc Quitandinha, que reúne obras de 12 artistas negros de várias gerações e cidades brasileiras, em curadoria de Marcelo Campos e Filipe Graciano, que oferecerá até seu término, em 17 de setembro, ações nas áreas de música, cinema, pensamento crítico e ações educativas voltadas para as crianças.

Na sessão de abertura, no dia 19 de agosto de 2023, participará do debate o Coletivo Denegrindo. Para o curador Clementino Junior:

“A Mostra de Cinema projetará na tela um panorama das experiências afro-diaspóricas no cinema contemporâneo. Segundo a intelectual Beatriz Nascimento: ‘Quilombo é aquele espaço geográfico onde o homem tem a sensação do oceano’. Ela também afirma que cada negro é um quilombo, e que a ancestralidade se liga com o que está do outro lado do oceano. Serão exibidos filmes de vários territórios que situam essa conexão que dá sentido a entendermos o Brasil Negro como uma identidade diversa, potente e importante.”

Os filmes da Mostra de Cinema “Um oceano para lavar as mãos” são: “Cavalo” [2020, Brasil, 85′], documentário de Rafhael Barbosa e Werner Salles; “Intervenção Jah” [2019, Guiné Bissau, 16′], de Welket Bunguê; “Pattaki” [2019, Cuba, 21′], de Everlane Moraes; “CoroAção” [2019, Brasil, 9′], de Juciara Áwô e Luana Arah; “Alexandrina, um Relâmpago” [2022, Brasil, 11′], de Keila Sankofa“7 Cortes de Cabelo no Congo” [2022, Brasil, 90′], documentário de Luciana Bezerra, Gustavo Mello e Pedro Rossi; e os filmes para o público infanto-juvenil “5 Fitas” [2020, Brasil, 15′], de Heraldo de Deus e Vilma Martins; a animação “Ewé de Òsányìn: O Segredo das Folhas” [2021, Brasil, 22′], de Pâmela Peregrino; e  “Mandinga” [2016, Brasil, 14′], de Wagner Novais. E aqui no Cine Philos você pode conferir trailers oficiais, fotos de still e sinopse completa dos filmes:

sábado | 19 de agosto

16h —Sessão de abertura, apresentação de Clementino Junior.Exibição do filme “Cavalo”, documentário de Rafhael Barbosa e Werner Salles.

  • “Cavalo” [2020, Brasil, 85′]documentário com direção de Rafhael Barbosa (“O que Lembro, Tenho”) e Werner Salles Bagetti (“Exu – Além do Bem e do Mal”), “entrelaça performance, dança e rito em três eixos narrativos. Filme híbrido, que circula entre a ficção, o documentário e a experimentação para  falar sobre a memória da ancestralidade no corpo foi lançado nacionalmente pela Descoloniza Filmes e pela La Ursa Cinematográfica nas salas de cinema e nas principais plataformas digitais no dia 12 de agosto de 2021. Na sequência, foi programado na grade do Canal Brasil. Agora integra o catálogo da plataforma Itaú Cultural Play. O filme participou de vários festivais e mostras no Brasil e no exterior.

“Desde ‘Exu’ (2012), temos desenvolvido um projeto artístico que se relaciona com os arquétipos dos orixás e das entidades. Uma pesquisa de oito anos que influenciou na concepção do nosso primeiro longa. Também estávamos estudando a história do Quilombo dos Palmares, uma das maiores narrativas de resistência do mundo, quando entendemos que seria instigante investigar os ecos desse passado em nossa contemporaneidade. A ancestralidade foi o caminho encontrado para expressar essa busca”, explica Werner Salles.

Cavalo, documentário de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti (2020)
Cavalo, documentário de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti (2020)

Cavalo é também o termo usado nas religiões afro-diaspóricas, como a umbanda e o candomblé, para denominar os praticantes que são capazes de receber entidades em seus corpos. A incorporação no cavalo não é apenas mental ou espiritual – ela passa por todo o corpo. Da mesma forma, “Cavalo” não é um filme que tenta desvendar ou explicar a religiosidade, mas toma carona na experiência singular do corpo para acessar a memória, a ancestralidade e a construção de identidade de seus personagens. Compõem o elenco Alexandrea Constantino, Evez Roc, Joelma Ferreira, Leide Serafim Olodum, Leonardo Doullennerr, Roberto Maxwell  e Sara de Oliveira. O grupo foi selecionado após um teste de elenco, e passou a conviver num intenso processo de preparação. Contemplado no Prêmio Guilherme Rogato, da prefeitura de Maceió, e contando com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA para sua realização, “Cavalo” é o primeiro longa-metragem fomentado por um edital público realizado em Alagoas, o que representa um marco para a política cultural do estado. 

“O filme não tem uma narrativa clássica. Seguimos o caminho do cinema de poesia, mas sempre com uma vontade de nos conectarmos com o público por meio da sensibilidade. Num momento em que a intolerância religiosa e os diversos preconceitos avançam de maneira preocupante no país, ‘Cavalo’ é um grito poético que deve reverberar”, enfatiza Rafhael Barbosa.

17h30 —Debate com Clementino Junior e Coletivo Denegrindo

domingo | 20 de agosto

16h —apresentação de Clementino Junior.Exibição dos filmes de curta-metragem: “Intervenção Jah”, de Welket Bunguê; “Pattaki”, de Everlane Moraes; “CoroAção”, de Juciara Áwô e Luana Arah; “Alexandrina, um Relâmpago”, de Keila Sankofa.

  • “Intervenção Jah” [2019, Guiné Bissau, 16′], com roteiro e concepção de Welket Bunguê, direção de Daniel Santos, atuação dos performers Welket Bungué, Walter Reis, Daniel Santos, Jéssica Senra e Kristin Bethge, o filme aborda uma caminhada simbólica até a exaustão. Para Bunguê:

“A intervenção propõe o aquecimento pré-liminar que antecede um combate de titãs num ringue de boxe. Consiste no movimento do performer intuindo a queda repentina quando afetado por perfurações por balas de armas semi-automáticas. Segundo os resultados divulgados em 2017 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as pessoas negras no Brasil representam mais de metade da população do país. Entre 2005 e 2015 o número de pessoas negras assassinadas aumentou 18%, e isso nos tornou também a maior parte das vítimas de homicídio, tendo correspondido a 71% do total de corpos registrados.”

  • “Pattaki” [2019, Cuba, 21′], de Everlane Moraes, com direção de Everlane Moraes, que assina também o roteiro junto com Tatiana Monge, o filme foi produzido pela Escuela Internacional de Cine y TV, em Cuba, e tem no elenco Rodolfo Ofarril, Amparo Molina, Mauria Herrera, Lazara Isis e Alexander Quiala.As águas regem e nutrem a vida. Sob a luz da lua cheia, a maré sobe, invade a cidade, inunda os seres que a habitam. Um filme-oferenda para Iemanjá.
  • “Alexandrina, um Relâmpago” [2022, Brasil, 11′], de Keila Sankofa. Um dos frutos do projeto Direito à Memória – Outras Narrativas, uma pesquisa que reivindica a memória de pessoas pretas do estado do Amazonas, o curta percorre um lugar de não-ficção, materializando-se em uma instalação constituída por fotografias, áudio e vídeo. Filha de negros escravizados, nascida livre, Alexandrina é a primeira figura que entra na pesquisa do projeto, um vulto histórico que existiu no século XIX. Moradora da cidade de Tefé, no Amazonas, empregada de um casal de naturalistas estrangeiros, possui algo que chama atenção: é reconhecida como uma conhecedora da fauna e da flora de seu território. Considerando que corpos pretos que existiram no século XIX jamais tiveram sua humanidade reconhecida pela estrutura colonial, é espantoso o aparecimento dessa mulher nos escritos científicos. Admirável a capacidade de Alexandrina de marcar um trecho da história formal. O relato sobre ela traz termos racistas e pejorativos, mas, ao mesmo tempo, reconhece suas habilidades. É  por esse motivo que renascê-la para recontar sua história é algo potente. Mexer no passado revivendo alguém que o atravessou destemidamente é essencial para refletir o agora, e as imagens que são produzidas por mulheres pretas. O filme participou de vários festivais e mostras no Brasil e no exterior.
Alexandrina, um Relâmpago, Direito à Memória
Alexandrina, um Relâmpago, Direito à Memória.

“Alexandrina – Um relâmpago” faz do cinema de invenção um campo fértil de contestação, que ousa rasgar os registros do perverso e mentiroso passado, onde Alexandrina, mulher preta da Amazônia, que antes fora reduzida a objeto de estudo, esvaziada do seu vasto repertório de conhecimento – e logo jogada ao limbo do suposto esquecimento – agora é o presente!

17h30 —Debate com Clementino Junior, Keila Sankofa e Mariana Maia, performer e roteirista de “CoroAção”.

  • “CoroAção” [2019, Brasil, 9′], de Juciara Áwô e Luana Arah
    Dirigido por Juciara Áwô e Luana Arah, o curta é inspirado em performance de Mariana Maia, que está no elenco junto com Rubens Barbot e Sonia Regina. Foi eleito o melhor filme experimental da 5ª Mostra de Cinema Negro de Mato Grosso, em 2019, e já participou de várias mostras e festivais, no Brasil e no exterior. Mulheres negras sustentam a ancestralidade, o lugar de fala e ação no ori. “CoroAção” subverte rodilhas, baldes, cargas. O trapo insignificante é coroa sagrada. Um corpo negro caminha, erguendo um balde, suportando um oceano, refazendo os passos da própria história.
CoroAção, de Juciara Áwô e Luana Arah (2019)

sábado | 26 de agosto

16h —apresentação de Clementino Junior. Exibição do filme “7 Cortes de Cabelo no Congo”, de Luciana Bezerra, Gustavo Mello e Pedro Rossi

  • “7 Cortes de Cabelo no Congo” [2022, Brasil, 90′], de Luciana Bezerra, Gustavo Mello e Pedro Rossi

“As migrações africanas para o Brasil são parte fundamental da nossa formação cultural. Flagrar este fenômeno na contemporaneidade, dentro da realidade tecnológica da produção audiovisual atual, é um privilégio para aqueles que procuram compreender a identidade cultural brasileira. As semelhanças deste fenômeno, em pleno século XXI, com aquele ocorrido no período colonial são deveras desconcertantes: desde o meio de transporte utilizado na travessia do Atlântico (o navio) até os lugares reservados na sociedade brasileira para estes cidadãos recém-chegados. Guardamos, como qualquer sociedade, o desejo de sanar nossas chagas. No gueto de Brás de Pina, através da voz dos refugiados congoleses em um pequeno salão de beleza da região, estão questões seminais para um tema que protagoniza os mais célebres estudos de nossos mais importantes pensadores. Com todo o sotaque que carregam em seu português, figuras como nosso protagonista Pablo nos dão claras lições de História, que se mostram superiores às aprendidas nos livros didáticos adotados pelo Ministério da Educação. A intenção é dar voz e protagonismo aos nossos personagens, deixa-los livres para expressar suas experiências, sua realidade e seus sonhos e desejos. O palanque é dos nossos “atores”. Como vizinhos, nossa obrigação é ouvir para compreendermos sua posição. Talvez, se tivéssemos feito isto desde o início de nossa curta História, muitas de nossas mazelas já estariam, agora, superadas”, escrevem os três diretores.

Do seu salão Calijah, no Bairro de Brás de Pina, no Rio de Janeiro, “Pablo” Fernando Mupapa, nascido na República Democrática do Congo, lidera sua revolução anti-imperialista enquanto faz a cabeça de outros sete personagens. São sete cortes. Sete experiências de exilio. Um documentário-panfleto. São sete cortes. Sete experiências de exilio. A República Democrática do Congo e o Brasil se reencontram com sua História em comum no Calijah, um pequeno salão de beleza no subúrbio carioca especializado em cortes afro. É de lá que Fernando “Pablo” Mupapa, o dono do salão e protagonista, acalenta e constrói seu sonho da revolução anti-imperialista junto à sua comunidade. São narrativas diretamente do coração da África e que tem muito a ensinar sobre os poderes que dominam o mundo contemporâneo. É arte, não é arte, é panfleto, e volta a ser arte.

17h30 —Debate com Clementino Junior e Luciana Bezerra

domingo | 27 de agosto – Sessão infanto-juvenil

16h —apresentação de Clementino Junior e exibição dos filmes “5 Fitas” [2020, Brasil, 15′], de Heraldo de Deus e Vilma Martins; a animação “Ewé de Òsányìn: O Segredo das Folhas” [2021, Brasil, 22′], de Pâmela Peregrino; e  “Mandinga”  [2016, Brasil, 14′], de Wagner Novais.

  • “5 Fitas” [2020, Brasil, 15′], de Heraldo de Deus e Vilma Martins.Com direção de Heraldo de Deus e Vilma Martins, o filme premiado em festivais no Brasil e no exterior reúne no elenco dois atores-mirins, Adili Pita e João Pedro Costa, além de Rejane MayaWesley GuimarãesMatias SantanaClara Paixão, entre outros. Realização da Sujeito Filmes em coprodução com Saturnema Filmes, Bico Produções e Gira Pomba Produções. “5 Fitas” foi selecionado ainda para festivais nacionais e internacionais, dentre eles o Festival Kinoforum, Mostra de Cinema de Tiradentes e o Toronto Black Film Festival.

Em Salvador, todos os anos, em janeiro, acontece a grande e tradicional festa para o Senhor do Bonfim, onde fiéis e turistas peregrinam até a famosa igreja para amarrar no pulso as fitas coloridas e fazer pedidos. Dois irmãos, Pedro e Gabriel, ouvem desde cedo as histórias e rezas de sua avó ao Senhor do Bonfim, e decidem fugir para lá no Dia da Lavagem, se aventurar pela multidão e pedir por uma bola de futebol. Os dois irmãos cresceram sem uma figura paterna, e lá comparam as narrativas de sua avó com a lavagem, trazendo questões sobre religiosidade, sincretismo, manifestação popular e importância da família.

  • “Ewé de Òsányìn: O Segredo das Folhas” [2021, Brasil, 22′], de Pâmela Peregrino. Com roteiro e direção de Pâmela Peregrino, o filme de animação foi baseado no livro “Òsányìn: Os segredos e Mistérios das Folhas Sagradas” (2019), de Alzení Tomáz, que colaborou na assessoria de plantas e ervas. Produzido nos municípios de  Água Branca, em Alagoas, Paulo Afonso e Porto Seguro, na Bahia, e Itaboraí, no Rio de Janeiro, o curta de animação participou de diversos festivais no Brasil e no exterior, recebendo um total de 21 prêmios. A realização é do ÌTÀN – Cinema Negro de Animação e do Coletivo Ekàn – Abassá da Deusa Òsùn de Idjemim. A direção musical é de Maroon.
Cartaz do filme “Ewé de Òsányìn: O Segredo das Folhas”, de Pâmela Peregrino [2021]

“Ewé Ó” em iorubá siginifica “Salve as folhas”, e uma criança nasce com folhas em seu corpo, e sua mãe busca a cura. Na escola, a criança é discriminada pelos coleguinhas, e decide fugir para mata. Na caatinga, encontra seres encantados de tradições indígenas e negras, e caminha numa aventura de autoconhecimento. Sua busca a leva até Òsányìn, o Orixá das folhas, que apresenta o poder das plantas e a importância da preservação ambiental.

  • “Mandinga” [2016, Brasil, 14′], de Wagner NovaisDirigido por Wagner Novais, o curta aborda com humor a infância e a religiosidade. No ​ elenco, Pablo Guilherme, Thainá Barria, Zé Mario Farias e Chica Xavier.

Um menino de oito anos, com toda sua determinação e imaginação, busca incessantemente a cura para o sangue que, mesmo sem que haja ferida, desce das pernas de sua amiga. Para isso, se aventura em busca de uma galinha para um ritual.

17h30 —Debate com Clementino Junior e Pâmela Peregrino

Aline Motta, “Pontes sobre abismos” (2017)

“Um oceano para lavar as mãos”

A exposição “Um oceano para lavar as mãos”, que tem curadoria de Marcelo Campos e Filipe Graciano, reúne obras dos artistas negros Aline Motta, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Azizi Cypriano, Cipriano, Juliana dos Santos, Lidia Lisbôa, Moisés Patrício, Nádia Taquary, Rosana Paulino, Thiago Costa e Tiago Sant’ana, que ocupam um espaço monumental de 3.350 metros quadrados do Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis.

A exposição é acompanhada, até seu término, em 17 de setembro de 2023, de uma programação gratuita de música, cinema, teatro, literatura, atividades infantis, oficinas e seminários. O Café Concerto do Centro Cultural Sesc Quitandinha, amplo teatro com capacidade para 270 pessoas, sedia a programação de música e cinema.  A curadoria de música é do cantor, compositor, violonista e poeta baiano Tiganá Santana. A mostra de cinema tem como curador Clementino Junior, cineasta dedicado à difusão da obra audiovisual racializada. Flávio Gomes, pesquisador do pensamento social e da história do racismo, da escravidão e da história atlântica, é o curador das ações da linguagem escrita, literária e oral, formatadas como seminários, na Biblioteca.

O grupo Pretinhas Leitoras, formado pelas gêmeas Helena e Eduarda Ferreira, nascidas em 2008 no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, está à frente das atividades infantis, que são feitas na Sala de Crianças do CCSQ. Para ampliar a percepção do público das obras expostas, estão programadas seis oficinas, e a primeira delas é o Ateliê de Artista, com o petropolitano Cipriano.


Clementino Junior é cineasta, educador audiovisual e ambiental, doutor em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UniRio, mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação – Processos Formativos e Desigualdades Sociais da UERJ, e bacharel em Desenho Industrial – Programação Visual pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É pesquisador do GEASur (Grupo de Estudos em Educação Ambiental desde el Sur) da UniRio, e fundador do  Cineclube Atlântico Negro (CAN) e do CineGEASur. Atua principalmente nos temas da educação e inclusão audiovisual, educação ambiental, animação, cineclube, atlântico, cinema negro e diáspora africana. Foi curador e coordenou o Cineclube da ABDeC – RJ (Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas – Seção Rio de Janeiro), em 2007/2008; presidente na gestão (2010/2012) e vice-presidente (2012/2013) da instituição. Desde 2008 realiza sessões mensais do CAN, ação que une cinema e movimentos sociais, com programação voltada para filmes da diáspora africana. Tem sua produção cinematográfica focada na luta antirracista e pelos Direitos Humanos. Já fez parte de comissão de seleção de projetos audiovisuais na Riofilme e em outros estados – mais recentemente em editais de audiovisual de Niterói, Funcultura de Espírito Santo e Pernambuco. Realizou 26 filmes autorais: um longa-metragem documentário e 25 curtas-metragens, dos quais quatro animações, cinco ficções e 14 documentários

Luciana Bezerra é roteirista, diretora audiovisual, atriz e presidente do Grupo Nós do Morro. Seu curta “Mina de Fé”(2004) ganhou os prêmios de Melhor Curta no 37º Festival de Brasília, Melhor Filme no Curta Cinema 2004 e foi exibido em mais de dez países. Dirigiu o episódio “Acende a Luz” no filme “5x Vezes Favela – Agora Por Nós Mesmos”, produzido por Carlos Diegues e exibido no festival de Cannes de 2010. Foi uma das trinta artistas cariocas a participar do projeto London Ocupation, durante as Olimpíadas de 2012, com o projeto Diário London. É autora do livro “Meu Destino Era o Nós do Morro”, publicado pela editora Aeroplano. Foi colaboradora em roteiros como “Praça Paris” e “As Lendas de Dandara”. Atualmente trabalha no roteiro e direção do projeto autoral de longa metragem “A Festa de Léo”, selecionado pelo último BrLab e em fase de pós-produção.

Gustavo Melo nasceu no bairro de Brás de Pina, Zona Norte do Rio de Janeiro, é roteirista e diretor. Participa desde 1996 do Grupo Nós do Morro, onde começou como aluno e hoje atua como professor-monitor. Dirigiu os curtas-metragens “O Jeito Brasileiro de Ser Português” (2001); “Picolé, Pintinho e Pipa” (2007), exibido nos festivais de Huesca e Biarritz; e “A Distração de Ivan” (2009), em codireção com Cavi Borges, exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2010. Em 2011, durante o 64ª Festival de Cannes, foi selecionado no 3º workshop Pavilion Les Cinémas du Monde e apresentou seu projeto de primeiro longa-metragem. Participou do Ateliê de Coprodução Cinematográfica Internacional Produire au Sud 3 Continents/Imagem dos Povos (BH-MG) e Brasil CineMundi 2018.

Pedro Rossi foi produtor dos filmes “Romance Policial” (Jorge Durán, 100′, 2015), “Ippon” (Cavi Borges, 30′, 2013) para a ESPN, “Noites de Reis” (Vinicius Reis, 85′, 2012) e “Não Se Pode Viver Sem Amor” (Jorge Durán, 90′, 2010). Dirigiu com José Joffily o documentário “Caminho de Volta” (75′, 2015), que estreou no Festival É Tudo Verdade em 2015. Dirigiu, também, o longa documentário “Soldado Estrangeiro” (86′, 2019), mais uma parceria com José Joffily, que participou da seleção principal dos festivais É Tudo Verdade, DocsMX e Inffinito Film Festival; e a série de documentários “O Som e O Silêncio” (13 episódios, 2018), para o canal Arte 1. “Depois da Primavera” (84′, 2021), dirigido com Isabel Joffily, é seu terceiro longa-metragem documentário como diretor e fotógrafo. O filme estreou no Brasil na competitiva de longas do Panorama Internacional Coisa de Cinema e esteve na Première Brasil do Festival do Rio. A estreia internacional aconteceu no festival Rencontres de Toulouse, na França.

Everlane Moraes é uma cineasta brasileira, nascida em Cachoeira, na Bahia, e crescida em Aracaju. Formada pela Escuela Internacional de Cine y TV, em Cuba (EICTV, Cuba), atua como diretora, roteirista, professora e consultora. É membra do Center Frame’s Core Community (UK), e da Associação de Profissionais Audiovisuais Negros (APAN – BR). Foi Fellow no Flaherty Film Seminar (EUA, 2021), integra a Rede de Talentos no Projeto Paradiso, participou do programa Colaboratório Criativo – Netflix (Brasil, 2020) e do Encontro entre Diretores do Talents Guadalajara, no México (2019). É produtora e criadora da Pàttàki Audiovisual, e recentemente codirigiu a série “Histórias Impossíveis”, na Rede Globo (2023). Seus filmes transitam entre diferentes gêneros e formatos, destacando questões socioculturais, filosóficas e espirituais da diáspora negra. Eles foram exibidos em festivais, galerias e VOD como Sundance, Rotterdam, BFI London, Toulouse, Womxn in Windows, One Story Up, Hangar, entre outros. Seus projetos receberam os fundos FSA Novos Realizadores (Brasil, 2023), IDFA Bertha (Holanda, 2021/22), Göteborg (Suécia, 2021), William Greaves da Firelight Media (EUA, 2020), entre outros. Seus projetos de longa-metragem receberam os fundos FSA Novos Realizadores (Brasil, 2023), William Greaves da Firelight Media (EUA 2020), IDFA Bertha (Holanda 2021, 2022), Sundance Institute (EUA 2021), Göteborg (Suécia 2021), Hubert Bals Fund (Holanda 2022) e SPCINE – Núcleos Criativos (Brasil 2022). E participaram de importantes laboratórios e mercados, como o Cannes Doc – Marché du Film (2022), IDF Academy (2020), Berlinale Talents (2020), American Film (2022) Brasil Cinemundi (2021), Ventana Sur (2021), Nuevas Miradas (2020), Talents Guadalajara Co Production Market (2020), CineQuaNon Lab (2020), Miradasdoc (2019), BrLab Features (2020), Torino Film Lab Next (2021), Durban Film Mart (2020), Nordeste Lab (2020), Guangzhou International Documentary (2020), Good Pitch Brasil (2019). Recebeu os prêmios BH nas Telas (2022), MISTIKA (2021), PARATI FILMS (2021), NAYMOVIE/ Edina Fujii (2021), DOT (2019), Jorge Portugal (2020), Docubox East African Fund (2019). Everlane também recebeu da Assembleia Legislativa de Sergipe e da Câmara Municipal de Aracaju a Comenda Maria Beatriz Nascimento (2018) e a Moção de Aplausos (2023), pela contribuição à cultura em Sergipe, representando as mulheres negras e nordestinas em espaços de direção.

Juciara Áwô é atriz, graduanda em Licenciatura em Artes Visuais pela Univeritas, e se aventura como diretora e diretora de arte no audiovisual desde 2018, quando iniciou seus estudos na Academia Internacional de Cinema, no Rio de Janeiro. Acredita na mutabilidade da vida e na possibilidade de habitar todos os espaços, adquirindo conhecimento e semeando emoções.

Luana Arah é atriz, roteirista, performer, contadora de histórias e pesquisadora. Mestra em Relações Étnico-raciais, é especializada em Artes Cênicas. Com formação em canto popular, cinema e dança, sua experiência abrange espetáculos  de teatro e dança, leitura dramatizada; performance, publicações literárias,  além de atuação no cinema e séries.  Em todas as realizações fomenta o pretagonismo como base de construções e gerador de novos caminhos. No audiovisual, assinou o roteiro dos curtas-metragens “Nave Mãe”, “Encruza”, “Em Ilhas” (16° classificado no Lab curtas 2021). Foi argumentista do Encontro de Cinema Negro (2018) e do documentário “MPB – Música preta brasileira” (2017). Codiretora de “CoroAção (melhor filme experimental do Festival de Cinema Negro MT 2020). Atualmente, protagoniza como atriz o longa “Proteção” e roteiriza o espetáculo “Chuva de Algodão”.

Heraldo de Deus, “criado com vó”, é ator, roteirista, publicitário e realizador audiovisual, criador dos coletivos Ouriçado Produções e Sujeito Filmes (“Sujeito Objeto”, “Barraca de Capeta” e “Cinco Fitas”), e integrante do coletivo Epa Filmes, corroteirista da webserie “Punho Negro” (melhor ideia original do Rio Webfest 2018). Como ator participou de cinco longa metragens (destaque para “Tungstênio”, “Longe do Paraíso” e “Nina”), 11 curtas (destaque para “Navegantes”, “Facão” e “Quantos mais”), e quatro novelas ou séries.  Recentemente concluiu os cursos de Dramaturgia para teatro com Gildon Oliveira, e Roteiro Audiovisual com Ana Maria Gonçalves e Viviane Ferreira, promovido pelo centro Afrocarioca de Cinema, onde criou o argumento e coescreveu o roteiro de curta metragem “ITAN”.

Vilma Martins é jornalista, produtora, roteirista e diretora, mestre em Análise Fílmica pela UFBA, e mestranda em Curadoria de cinema na EQZE na Espanha. Produziu obras como os curtas “Sujeito Objeto”, “A Mulher no Fim do Mundo”, “Facão”, o quinto episódio da websérie “Punho Negro” e o documentário “Viva Nossa Voz”, da Preta Portê Filmes e Canal Brasil. Fez o curso de Produção Executiva da AIC, o curso “Cine Autorreferencial” na EICTV – Cuba, e qualificação de roteiro pelo Centro Afrocarioca. CEO do coletivo Sujeito Filmes, ganhou o prêmio do edital “Mostra Audiovisual (Entre)Vivências Negras” do Museu da Pessoa em 2020. É roteirista e diretora do curta “5 Fitas”. Seu primeiro roteiro de longa-metragem foi selecionado para desenvolvimento pelo Prêmio Jorge Portugal via Lei Aldir Blanc para outros laboratórios. Foi júri da 4ª Mostra Lugar de Mulher é no Cinema, e curadora de roteiro do Rota Festival 2021 e Frapa 2022.

Pâmela Peregrino é animadora, cenógrafa, professora de Artes da  Universidade Federal do Sul da Bahia, e tem buscado a realização de curtas de animação em processos educativos comunitários, de imersão e vivência em comunidades tradicionais negras e indígenas. Possui bacharelado e licenciatura em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), bacharelado em Artes Cênicas, habilitação em Cenografia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), mestrado em História (UFF) e em Educação (PUC-Rio) e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UNIRIO. Entre seus principais trabalhos estão os curtas: “Partir” (2012),  “Òpárá de Òsùn: quando tudo nasce” (2018), “Oríkì” (2020); “Porto e Raiz” (2021) e “Ewé de Òsányín: o segredo das folhas” (2021).

Wagner Novais começou sua formação em cinema em 2004, em uma oficina popular na favela da Cidade de Deus, onde residia. No mesmo ano, estudou cinema na Universidade Estácio de Sá, e direção e montagem na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Em 2010, codirigiu “Fonte de renda”, um dos episódios do longa “5x favela – Agora por nós mesmos”, e “5x pacificação”. Além de outros curtas, como prêmios para realização, pelo MinC e Rio Filme. Em 2013, dirigiu coletivamente alguns filmes sobre as manifestações de junho de 2013. Atuou durante anos no coletivo de mídia comunitária e direitos humanos “Maré Vive”, no conjunto de favelas da Maré. Em 2016, idealizou e produziu o projeto “Saudades Eternas”, uma instalação artística cujo objetivo é manter viva a memória de vítimas da violência de Estado. Migrou para área de assistência de direção, e em 2018 trabalhou como assistente de direção na série “Imagem Vinil”, no Canal Prime Box (Net). No segundo semestre do mesmo ano foi trainee de assistente de direção da segunda temporada da série “O Mecanismo”, da Netflix. No início de 2019, foi contratado pela TV Globo, e atuou como assistente de direção da novela “Bom Sucesso”. Foi assistente de direção no filme “Barba, Cabelo e Bigode”, da Netflix. Fez um curta que participou do Festival do Rio 2022, e é diretor assistente da série “Candelária”, da Netflix. Dirigiu o curta “Caminhos Afrodiaspóricos pelo Recôncavo da Guanabara” (2020, 20min), e o longa “Sinistro – O Rap de Nikiti”, sobre o hip-hop de Niterói. 


SERVIÇO: Mostra de Cinema “Um oceano para lavar as mãos”, 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2023, às 16h. Centro Cultural Sesc Quitandinha, Petrópolis. Entrada gratuita. Exposição “Um oceano para lavar as mãos”: Terça a domingo, e feriados, das 9h30 às 17h (conclusão do itinerário até às 18h). Visitas guiadas: terças a domingos e feriados, das 10h às 16h30 (conclusão do itinerário até as 18h). Visitação ao entorno do Lago Quitandinha: terças a domingos e feriados, das 9h às 17h (em caso de chuva a visitação é suspensa). Centro Cultural Sesc Quitandinha, Avenida Joaquim Rolla, nº 2, Quitandinha, Petrópolis. Entrada gratuita.

Publicado por:Philos

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