O templo do poeta
A porta, fechada ou aberta, faz delimitação
Fora, os mortais; dentro, a sacralidade.
Estantes abarrotadas, séculos de inspiração
Inefáveis escrituras de divina humanidade.
Outrora, lápis e papel; hoje, computador
Tanto faz, tudo é objeto de liturgia
Que sobre a mesa – um altar – espera com ardor
A hora da epifania.
Da janela, despontam obras sacras
Mais preciosas que estátuas de querubins
Escape para as horas de inspirações parcas
É o colosso dos pássaros, um doce jardim.
Mas vazio é o templo sem o seu clérigo
Pra do mundo externo criar a arte concreta
Dom divino ou puro mérito?
Eis o sacerdócio do poeta.
Alessandra Costa de Almeida (Osasco, 1987). Artista visual e escritora independente, poetisa.
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