O cinza dos dias
O cinza dos dias
Manchou meus sonhos,
Meu lápis cansado
Não quer escrever.
As folhas vazias
Procuram por cores,
Meus olhos vendados
Já não podem ver.
E sigo o caminho
De largas passadas,
Sempre apressadas,
Já sem perceber.
A flor na calçada,
A voz da cigarra,
O filhote no ninho,
O entardecer.
Mas, mesmo embaçado,
Meu olhar cansado
Já não consegue ignorar
Aquela árvore seca,
No fim da minha rua.
De galhos tão altos,
Já quase sem vida,
Nos quais todo dia
Um bem-te-vi vem cantar…
Jessyca Santiago (Recife, 1990). Pernambucana, mora em Shangrila RJ. Graduada em Letras Inglês pela UERJ trabalha como professora em instituições privadas.
Um comentário sobre ldquo;Dossiê de Literatura Neolatina: Mostra de poesia lusófona, por Jessyca Santiago”