Caros leitores, gostaria de convidá-los para compartilhar de um momento de reflexão. Que tal um pouco de exercício sobre o poder do pensamento, da energia da palavra e da nobre arte das letras? Tudo isso de um jeito simples e descontraído, mas com muita Luz e Alma. Convido-os para refletirmos juntos sobre Educação: pensar, falar e vivenciar esta arte, vocês conhecem coisa mais sublime, mais séria, mais necessária e contagiante, em sua dimensão integral – intelectual, social, emocional e espiritual? Eu amo a educação e sei que vocês também! Por isso estou aqui, contente, conectado, escrevendo e conversando com vocês, porque sei que temos algo em comum: laços de profunda afinidade com ela. Queremos que ela seja alegre, contagiante, que espalhe felicidade, que ilumine vidas, sempre com ternura e firmeza. Que tenha qualidade, afetiva e cognitiva. Assim, também, todos nós aprimoramos nossas próprias qualidades para sermos melhores e mais felizes. Amo a Educação porque amo a Vida. Amo as pessoas, amo a Natureza e todos os seres que ela inclui. Pergunto, qual é o bem maior que Deus nos deu? A Vida. Concordam? Pensar, falar e fazer Educação, não é pensar, falar e cuidar da própria vida, da vida plena: física, intelectual, social, emocional e espiritual? Educação é o desenvolvimento completo e harmonioso de tudo isso. A Vida também. Então ela é a própria Vida. Já se disse muito que “Educação é o processo de construção humana que se dá nas relações sociais!” Mas é Rubem Alves, pensador, educador, escritor e poeta, que diz: “Para mim, educar é ensinar a viver”. E não é isso mesmo? Aprender a viver. Existe alguma coisa mais absoluta do que buscar a essência, o duradouro, do que viver o simples? Simples como a brisa, belo como a poesia, sereno e natural como o desabrochar de uma flor? Aprender com os exemplos da Natureza, lições magníficas de tanta sabedoria e simplicidade? Ela tem sua pedagogia própria e a medida certa para tudo. Com tolerância e compaixão – sempre que necessário – todavia, sempre com firmeza e flexibilidade, ela segue seu caminho cumprindo sua missão na criação e evolução de todas as coisas. Buscar a Educação do aprender para ser feliz. É disso que o mundo está precisando, do amor e da serenidade, que resultam da Paz. A paz está no silêncio, na beleza, no Amor. Aprender a viver. Viver com sabedoria. Precisamos de sabedoria para utilizar os conhecimentos adquiridos na Escola.
Conhecimentos são “ferramentas”, diz Rubem Alves, que ficam guardadas na “caixinha” para serem usadas na hora certa, hora de solucionar um problema, intelectual – de matemática, história, física – ou moral, social, emocional, espiritual. Aí sim, é hora de ter competência. Competências são um conjunto de recursos intelectuais, sociais ou espirituais, que utilizamos na solução de problemas da nossa vivência cotidiana. Dentro dessa dimensão do processo educacional, vale lembrar, a Professores e Escolas, as orientações e recomendações da UNESCO sobre os quatro Pilares da Educação: Aprender a Ser, aprender a Conviver, aprender a Aprender e aprender a Fazer. Mas, muitas vezes, o que constatamos nas Escolas é a inversão desta ordem. Aprendemos primeiramente a fazer. É a primazia que vem sendo dada ao estudo das famosas matérias, em função dos exames para a Universidade, o histórico vestibular. Mas a Educação não deve ficar a reboque do preparo do indivíduo apenas para o Ensino Superior. Educação é fim. Ser humano é fim. Universidade é meio. É necessário buscar o equilíbrio entre meio e fim. É preciso diferenciar o temporário do duradouro. O ser humano é corpo e alma, intelecto e emoção. Mais uma vez seria bom observar a Natureza, a Lei da Ordem e do Tempo. “Dar tempo ao tempo”. Perceber o momento certo de cada coisa. O aluno precisa de tempo e momento certo para construir o conhecimento. Falando em essência e duradouro em Educação, gostaria de trazer para esta reflexão, no campo do desenvolvimento das habilidades, duas dimensões fundamentais no processo de aprendizagem e de formação humana. Na área cognitiva, as Habilidades Operatórias do pensamento lógico. Elas são responsáveis pelo desenvolvimento da inteligência evolutiva e da aprendizagem dos conteúdos. Habilidades exercitadas e vivenciadas, como: Concentrar, Observar, Comparar, Classificar, Calcular, Imaginar e outras. Elas antecedem a aprendizagem das matérias e favorecem a sua construção. Em outra dimensão, as Habilidades Sócio-afetivas, aquelas que nos ajudam nas relações de comportamento, de convivência e relações humanas, ligadas à área afetiva, fonte dos sentimentos e dos Valores Humanos universais, como: Gratidão, Respeito, Altruísmo, Ética, Compaixão, Humildade e outros. Aí está a base das relações de Amor e convivência, atitudes importantes desde um bom dia, obrigado, desculpe, passando pelos Valores Humanos, já citados, até algumas leis universais, como a Lei de Causa e efeito (colhemos aquilo que plantamos), a Lei da Ordem, do Tempo (tudo tem seu tempo certo), a Lei da grande harmonia (as coisas, os comportamentos se desarmonizam e harmonizam o tempo todo, caminhando sempre para um estágio de harmonia maior). É a própria teoria do desenvolvimento mental, da formação da inteligência evolutiva segundo Jean Piaget, com seus conceitos de Assimilação/Acomodação e Equilibração Contínua no processo de desenvolvimento mental da criança através das interações. Dentro dessa dimensão holística de Educação, e chegando ao fim deste nosso momento de reflexão, quero dizer que acredito que a tarefa de educar seja conjunta, responsabilidade compartilhada FAMÍLIA/ESCOLA. Penso que nem a Escola tem o dever de ensinar somente conhecimentos e nem a Família o dever de apenas educar. Acredito sim que, juntas, Escola e Família, serão fortes e vitoriosas na importante tarefa de formação de um ser humano Bom, Competente e Feliz.
Miguel Campos Sepúlveda (Cambuci, Rio de Janeiro, 1935). Bacharel e Licenciado em Matemática e Física pela Universidade Federal Fluminense. Membro da Academia de Letras de Toledo, Paraná.