Temos a alegria de anunciar o lançamento do livro Mar à Vista — Ma’é Yyramoĩ, uma dramaturgia de Luz Bárbara indígena Kariri desenvolvida para e em parceria com o Clã Tupi-Guarani da Terra Indígena Piaçaguera. Um livro que narra uma história fictícia sobre a etnogênese do povo Tupi-Guarani através de personagens que contam e recontam suas histórias. A obra também brinca com a chegada dos colonizadores europóides em Pindoretá e a premonição das violências de gênero que a partir daí surgiriam. Uma narrativa brilhante para uma história ainda mais impactante e surpreendente.

Ficha Técnica
Páginas: 92
Formato: 20 X 29 cm
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-65-00-58571-1
Selo: Casa Philos
Este projeto tem o apoio do Programa de Ação Cultural São Paulo — PROAC.
apresentação de dramaturguy

esta obra foi escrita para o clã tupi-guarani da terra indígena piaçaguera.
esta obra foi convidada por tayná delfina e dhevan kawin em 2017, sonhada junto com juão nyn e carol piñeiro e acolhida e fomentada por muitys do clã.
agradeço a nhandetsy nimbopyruá pois sua história de vida inspirou a estória de tatatĩ djáry, uma das protagonistas desta dramaturgia.
agradeço também a nhandetsy djupiá dora, luan apyká e andré mirin dju que desenvolveram a versão tupi-guarani da dramaturgia presente neste livro, o tupi-guarani não é uma tradução literal do que foi escrito por mim em português, mas a visão deles de como pode ser essa estória dentro da cosmovisão tupi-guarani, dessa forma esta obra é um encontro criativo de cosmovisões.
esta obra é um retrato do caminho que veio até aqui e segue.
escrevo em um português recriado, utilizo a vogal “y” invés de “a” ou “o” nos artigos e pronomes. além disso não utilizo letras maiúsculas.
essa estória é uma primícia, oferto a todys do clã tupi-guarani da terra indígena piaçaguera com o desejo de que esta plataforma nos sirva para contarmos diversas outras estórias criadas —umy personagem guarani sai da região dos andes atravessa o peabiru em busca de sua nova família, se une a um novo clã e se tornam família tupi-guarani.
é uma estória fictícia sobre a etnogênese do clã tupi-guarani.
a estória se passa antes da chegada dos colonizadores europeus em pindoretá, apesar deste marcador histórico há brincadeira com os tempos.
y personagem protagonista tem sonhos premonitórios durante sua travessia pelo peabiru, estas mensagens recebidas nos sonhos lhes são enviadas para comunicar aos povos da costa leste depois de ter atravessado o peabiru.
a pesonagem protagonista é tatatĩ djáry e conta com uma segunda protagonista que é poty dju —a personagem para quem a estória de tatatĩ djáry é contada.
a brincadeira é que a estória de umy faça outry meditar sobre algo. poty dju move y narradory da estória, kururu, a contar a estória de tatatĩ djáry.
deixo a todys do clã tupi-guarani a possibilidade de sermos ys dramaturguys desta estrutura e contarmos outras estórias, reutilizando esta estrutura ou destruindo ela, reconstruindo. brinquemos de contar estórias fazendo tudo dançar.
além de kururu, ys diversys personagens narram a estória. kururu é umy narrador-personagem, enquanto todys outrys são ou podem ser personagens-narradorys.
a segunda proposta da brincadeira é que recriemos os pontos de vistas dys personagens que assumirmos na montagem teatral e recontemos a estória, aliás, todys personagens-narradorys podem apresentar suas próprias versões sobre os acontecimentos que são narrados.
vamos brincar?
inatekié.
ae’weté katu. —Luz Bárbara