Sem título
Se não houvesse dia
E se o sol não ousasse mais
Queimar a tua pele,
Você me traria
Qualquer coisa como estrelas
Ou ameixas
E as deixaria ao lado dos papéis
E da xícara de chá
Sobre a mesa.
Se não houvesse mais luz
E se os semáforos desta cidade
Resolvessem parar de funcionar,
Ao primeiro olhar, você perceberia
Que crescer nesta casa
(e em tantas outras)
Me ensinou a deitar
Em camas estrangeiras cobertas
Por tecidos que não me escondem.
Se não amanhecesse
E se meu coração palpitasse
Muito rápido,
Eu, circunscrito a este quarto,
E você, por mim em paredes desenhado,
Iríamos investigar
No esfarelar do barro
A perdição do homem.
Antônio Figueirôa Escobar Teixeira de Oliveira (Recife, 1999). Graduado do International Baccalaureate no Pearson College UWC, Canadá.
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