O ser tão do sertão
No clarão do meio dia, à sombra do sabiá, a cabaça já vazia, enrolo o fumo na palha;
Na marmita embalada, com muito apreço e cuidado,
o feijão é escoteiro;
a mistura é farinha;
o tempero, rapadura;
pois me ponho a salivar com os olhos cheios de sede de saudade da morena que, em nosso castelo de taipa, rala o milho pro mingau e aguarda o dia inteiro meu retorno pra, no quintal, na contemplação da lua, ao som da minha viola, e ao brilho dos vagalumes, admirar o espetáculo do ser tão, que é sertão.
Aurilene Sampaio (Itapipoca, 1982). Professora da rede estadual de ensino, nas horas vagas abstrai escrevendo e pintando.
Um comentário sobre ldquo;Neolatina: Mostra de poesia lusófona, por Aurilene Sampaio”