Volúpia

Olhares erradios, toques, palavras, hálito febril…
Tudo se traduz em arroubo, em prazer que queima
Que espraia garras desgarradas
Que rola rochas e rochedos rochosos
Caindo de cabeça, de ponta, de lança.

Adolescendo o verbo de ouro
A sorver o orvalho dos poros em flor
A provar o humo da terra ardente
A transpirar a ebulição dos mananciais e do vulcão ativo…

Alucinada e possuída
Vejo-me pura
Como a deusa da caça
À procura do deus do amor
Em ensaio atemporal
Bailando o bailado dos deuses.

Feito o maior herói semideus mítico
Que rasga as algas do emaranhado mar
Que recolhe o sal do chão
E saboreia o mel da flor da noite
Em generosos bocados
Tu te desdobras
Transbordas
Jorras teu néctar
Num salto de leão rugindo
A percorrer o túnel da vida
Com invejável desempenho…

Juntos, ainda adolescendo,
Chegamos à luz do sol ocra
Permeando os sentidos…
E resplandecemos no segredo da paz…


Lucrecia Welter (Paraná, 1953). Escritora multipremiada e presidente da Academia de Letras de Toledo, Paraná. É Revisora de textos da Revista Philos e Curadora de Literatura lusófona da mesma Revista. Tem diversos livros lançados e publicações em coletâneas poéticas.

Publicado por:Philos

A revista das latinidades

Um comentário sobre ldquo;Neolatina: Mostra de poesia lusófona, por Lucrecia Welter

O que você achou dessa leitura?