Os sons das chuvas

Dentro dos aromas extraídos
Da terra lavada,
Encantam-se os sons da chuva.
E os sons da chuva
Renovam-se. Aos aromas
Das terras lavadas…
… E das terras lavradas…

As gotículas chuviscadas…
Chuviscadas pensativas gotículas são. Escorrendo-se
Toda, pelos percursos dos amores vividos, existentes,
E existidos… Viventes… Existidos, existentes,
Silenciados, ou gritantes…

Imortais! (Pois que somos todos, perante Deus, imortais…!)
Transcendendo-se aos barulhos do todo, de nós,
Dentro dos confusos nós de nós. Todos…
…Parecendo-se todos! Os tais, quais, iguais:
Desejando, querendo descompromissarem-se de si mesmos, e
Pegarem “rabeiras” nos farfalhos das asas,
Quando os Anjos abençoam as águas e as terras.

Celebrando as vidas
Com os cânticos celestiais…
Entoados juntos, conosco, e
Aos burburinhos dos riachos!

A encantadora lua e as estrelas
Estão adormecidas na densidade
Dramática destas noites escuras…
Enquanto que a solidão é tácita. E
Os aconchegos e os desassossegos
Se aninham com os respingos da chuva.

Agora, caindo-se pelas vidraças.
Enquanto o cãozinho Scooby
Adormece sonhador e tranquilo,
Babando. Na almofada
Junto à soleira da porta.
Na entrada de casa.


Odenir Ferro (São Paulo, 1990). Escritor, poeta e Embaixador Universal da Paz.

Publicado por:Philos

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