mulher
Desato o nó do avental, nada mal,
sou mulher com ideias em vendaval…
Deixo o fogão, a frigideira, a prisão,
saio na contramão fazendo a minha liberdade!
Num grito, num gesto, num manifesto
deixo de lado a casa, o pó, a servidão,
sou agora um novo modelo em ascensão.
Utilizo cosméticos sofisticados,
em bom tom, sou balzaquiana avançada,
ou ingênua, tímida, provinciana,
mulher doidivana conquistando mundos.
Sou cidadã, cortesã, discreta, concreta,
tenho Brasão de Portugal, sou prima do rei,
tenho até impressão digital.
Como o sexo oposto sou, superior e forte!
Piloto avião com as forças do meu coração,
sou atuante, executiva, participante.
Tomo cerveja, minh’alma sobeja,
divido o pão de mão em mão!
Batalho na linha de frente, posso até ser presidente.
Voto, tenho carta de motorista,
tenho visto em passaporte decidindo a minha sorte.
Assim, voo para o sul, voo também para o norte,
manobro na “gentil pátria amada” em missão partilhada
seguindo a força do meu tempo.
Mulher, afinal, ser ou não ser, querer e poder,
questão, resposta, solução proposta?
Encorajar, viver, criar asas, ser forte como o nascer…
Ser delicada amante, amada, submissão sem algemas,
ser sobretudo, mulher!
Mulher, afinal, ser ou não ser, querer e poder,
questão, resposta, solução proposta?
Encorajar, viver, criar asas, ser forte como o nascer…
Ser delicada amante, amada, submissão sem algemas,
ser sobretudo, mulher!
Amélia Luz (Pirapetinga, Minas Gerais, 1945). Professora, escrevo contos, crônicas e poesias, publicações em vários estados brasileiros e no exterior. Livros: Pousos e decolagens , Luz & Versos (poesias) – coautora em mais de duzentas antologias.