plena incerteza
A certeza está na única partícula do poro
de tua coxa esquerda que compreendeu
a curva errada do pelo
e o encravou
O resto do corpo duvida se vai
ou fica
Teu ventre vacila até para o âmago
da resposta correta
Tanto a ver
Janela imensa não abre para fora
ocupa o espaço da sala pequena
sôfrego ar narinas adentro tão rápido
que congestiona os pulmões
pressiona as cordas vocais
Engoliu ar, lá vem espasmos
Transbordam ideais plenos
de promessas vãs
Pessoas não entendem
aconselham calma
Estendem copos d’ água
para estancar teus soluços ruidosos
Helena de Andrade (Rio de Janeiro, 1980). Formada em ciências sociais, com mestrado em sociologia da educação. Fotógrafa e editora de vídeos. Atualmente atuante no terceiro setor. Poeta publicada por revistas digitais.