Aguçando a pele, o olhar, as artérias, os neurônios e toda a sensibilidade poética para a estreia da Casa Philos na Festa Literária Internacional de Paraty – Flip, o poeta pede licença para relembrar a Flip 2017, em versos a esmo:
nas ruas de paraty
para Roy Frankel
um poeta
me ensinou
nas pedras
de paraty
a
parar
olhar
ouvir
sentir
e
tecer
o
poema
o som do poema
os passos na pedra
a porta da igreja
e o
pá pum
pá pum
pá pum
dos tambores
de ogum
o som
do poema
tem hora não
não tem lugar
não tem senão
beira-cais
na quietude dos barcos
atracados à beira-cais
enquanto os cães ladravam
a um qualquer deus que inexiste
acho que vi contracorrente
aviões velozes no céu
abaterem uma estrela cadente.
paratiano
na paraty
das minhas dores
às margens do caborê
um galo canta
(na manhã das três)
n’outra beira
do pequerê.
Thassio Ferreira (Rio de Janeiro, 1982). É poeta e contista, autor do livro de poemas (DES)NU(DO) (Íbis Libris, 2016) e de contos publicados nas antologias Prêmio VIP de Literatura 2016 (A.R. Publisher, 2016) e “Entre Amigos” (Sinna, 2016). Recentemente, seu livro inédito de contos “Cartografias” foi um dos pré-selecionados ao Prêmio Sesc de Literatura 2017. Tem poemas e contos publicados em revistas diversas como Philos, Germina, Mallarmargens, Revista Semeadura e Avessa.