LIBERDADE
Encontrei na liberdade
o amor (per)feito
e no amor que fizemos
vi a liberdade brilhar.
Fui livre
para te amar todos os dias
horas
minutos
e suspiros até aqui.
Senti a liberdade para mostrar
como eu sou sensível
às cócegas
e à solidão
já que ambas me fazem chorar
seja de rir
ou de tristeza.
Me vi livremente acorrentado
à sua mão
quando eu a aperto no meio da rua
segurando tão firme
que minha tendinite já está atacando
mas acho que
doeria mais caminhar sem você ao meu lado.
Tive a liberdade para falar
das minhas ideias sem sentido
ou das minhas piadas sem graça
e te vi rindo livremente
como se fosse o melhor show de humor
e não tivéssemos contas para pagar
ou que acordar às seis.
Eu te vi livro
e li cada parte do seu corpo
minuciosamente
testando meu tato
visão
e paladar.
Me livrei de uns pesadelos
que me assombravam há bastante tempo
encorajado por você
e essa sua mania
de querer tudo muito bem resolvido
e livre.
Com tudo isso
ou apenas isso,
já que temos a liberdade
de medir o tempo do jeito que quisermos,
eu deixei o meu coração livre
para você morar
com todos os seus sorrisos
carinhos
defeitos – que eu ainda não vi –
e amor.
Pois eu quero fazer do meu peito
um ninho
para que a gente possa morar
e resistir ao inverno
mas que não seja gaiola
e te impeça de voar.
Porque pássaro bom
é pássaro livre
e eu quero sempre ouvir o seu canto.
Rennan Leta (Rio de Janeiro, Brasil). Poeta e slammer, é autor do livro de Palavras do Mundo. Integrou o Coletivo Poetas Favelados e foi colunista do Voz das Comunidades. Participou da mesa Poesia Política na Casa Philos na Flip 2018.