Mundaréu
Ó mundaréu à vista
que ao poder estás sentado
com a mão no biscato
todo escarranchado
Venha o juízo desse teu poder
nesse valor sem freio
e no teu vómito venhas a morrer
sem qualquer direito
O povo grita
sem eira nem beira
sem princípios, geme, aflito
em tua estrutura de areia
O planeta esperneia ao vento
chorando a maldade, na forte chuva
o fogo queima a terra em lamento
e os fundamentos tremem de dúvida
a tempestade surge
a calamidade ruge
e o furacão, não tem piedade
Caiam as armas da tua glória, ó mundaréu
nesse teu àvido amor forjado
A Deus seja dada toda a glória
pela promessa
que ao seu povo tem dado
A boca do livre está néscia, e a língua do fanático conduz à violência.
A balança enganosa da razão leva o mundo à falta de senso e o peixe está a chafurdar no enredo da política do mundaréu deste tempo.
Ilda Pinto (Portugal, 1961). Autora, literária e artista plástica de técnicas mistas de colagem sobreposta. Vencedora do 3° lugar do prémio Literacidade 2014 Prosa-Crónicas, Prémio Clarice Lispector de Literatura, 2015- Contos pela Editora Comunicação e 3° lugar no Prémio Castro Alves de Poesia.
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