Veias abertas
Nasci mergulhado nas veias abertas
Com a cordilheira incrustada na alma
Sentindo cheiro de goiaba e mangabeira
Madeira que desata o nó
Onde a revolução se faz com bala e poesia
Com gosto de vento e sal
Neve e trigo
Nasci em abrigo
De índio catequizado em dezembro chovedor
Quando Diadorim visitou Macondo
Nasci no alicerce das estranhas catedrais
Batizado e ungido com o sangue que verteu do ouro
Enquanto as ventanas estavam cerradas
Veias abertas que jorram vinho tinto e cachaça
Boleros, tangos, umbigadas
Sambas, batuques, merengue de rua
Salsa
Tempero vermelho e preto onde o diabo é branco
Vinicius Maganha (Pirassununga, 1981). Poeta, compositor, cantor e violinista.
Um comentário sobre ldquo;Neolatina: Mostra de poesia lusófona, por Vinicius Maganha”