Em nossa Mostra de poesia lusófona do Dossiê de Literatura Neolatina, apresentamos dois poemas do artista Thássio Ferreira, autor do livro de poemas (Des)nu(do) pela editora Ibis Libris. Os poemas são acompanhados de imagens cedidas pelo próprio autor. Sem mais delongas, leia na Philos:

Rio Acre

Como um violino
a dois arcos
tocando única corda:
o rio, vibrando seu traço
fronteira,
e a cada lado
da corda retesa
-embora líquida-
lados da mesma madeira
da mesma Amazônia
boliviana, peruana
brasileira
sul-americana
como um violino
acreano do pando
conduzido e dominado
por seu único fio
barrento e retesado
-embora líquido-
tocado por mãos
de folha e cipó.

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Busca

Cada gesto
e cada reflexo
do sol sobre
os oceanos,

cada pedaço
do céu
dos incontáveis
em que se pode
reparti-lo
como quem brinca
de contar as ondas
dar nome às formigas
ou desenhar constelações
pelos infinitos instantes do tempo.

Cada coisa
– e tudo são coisas –
me atiça.

Em cada uma
nelas todas
busco pulsando
a resposta
à pergunta:

o que dá tesão a uma alma?


Thássio Ferreira (São Gonçalo, 1982). Poeta e contista radicado no Rio de Janeiro há dez anos. Lançou, em 2016, o livro de poemas (DES)NU(DO), e vem participando de antologias diversas em poesia e prosa.

Publicado por:Philos

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2 comentários sobre “Dossiê de Literatura Neolatina: Mostra de poesia lusófona, por Thássio Ferreira

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