Desejos queer – termo usado para representar pessoas que não se identificam com padrões impostos pela sociedade, que transitam entre gêneros e que prezam pela liberdade para se expressar abertamente sobre sexualidade – norteiam a exposição ELàque Hanz Ronald exibe entre os dias 24 de agosto e 20 de outubro na Galeria Plexi. A mostra, com curadoria assinada por Bruno Novaes, exibe dez obras inéditas, entre pinturas e desenhos, que partem de um olhar pessoal e íntimo sobre os desejos e inquietudes do artista.

O público poderá conferir de perto os trabalhos do jovem artista de apenas 27 anos, que busca relacionar elementos figurativos com abstratos. Destaque para a obra O toque de tudo e todas as coisas (2023), que Hanz utiliza massas de cor e sobreposições de formas, fazendo com que corpos fragmentados se conectem por pinceladas expressivas e abstratas de um líquido. Para o curador Bruno Novaes:

“Um recorte da produção recente de um jovem artista, em sua primeira individual. Com seu olhar inquieto e curioso acerca das possibilidades dos desejos, Hanz nos revela o que não pode ser escondido. São trabalhos que permeiam entre o abstrato e o figurativo; pintura e desenho; obra e esboço, apresentados em cenas e corpos que se fundem, mas que ao mesmo tempo, separam-se em imagens fugidias”

Eclipse, de Hanz Ronald (2023). Fotografia de Pamela Lahaud para a Galeria Plexi.
Eclipse, de Hanz Ronald (2023). Fotografia de Pamela Lahaud para a Galeria Plexi.

No trabalho Eclipse (2023), as cores branca, azul, rosa e amarelo se somam às linhas fluídas que preenchem os espaços cheios, mas ao mesmo tempo vazios, revelando ao observador a sensação dos toques e dos segredos humanos. Para Hanz:

“É uma sensação única ter a oportunidade de ver um pensamento imagético tomar corpo e forma física em uma exposição. Como artista jovem LGBTQIAP+, sinto muito orgulho ao poder expor os meus trabalhos, frutos de minhas pesquisas e indagações, em uma galeria como a Plexi”.

Hanz Ronald pelas lentes de Pamela Lahaud

Hanz Ronald (Ribeirão Preto, 1996) é artista representado pela Galeria Plexi e também atua em seu atelier no Centro de São Paulo. Ronald explora narrativas sensoriais na contemporaneidade, aprofundando cada vez mais a relação entre desenho e pintura. Desde criança, o artista se relaciona com a arte por meio da representação de personagens, momentos, movimentos e construções de universos pessoais. Em 2021, participou de sua primeira exposição internacional: “Do write [right] to me”, com curadoria de Ana Roman e Dainy Tapia, em Nova Iorque e Miami (EUA). Já em 2022, ingressou no acervo do Centro Cultural da Diversidade de São Paulo.

Transitando entre as artes visuais, poesia e educação, Bruno Novaes tem licenciatura em Artes pela Faculdades de Belas Artes de São Paulo e especialização em Artes Visuais pela UNESP. Sua prática acontece, sobretudo, por meio da palavra e do desenho – como instalações, publicações e processos de encontro – (re)imaginando as formações do ser, tais como suas subjetividades e agenciamentos. Seus principais trabalhos em escritas e curadorias incluem “O-lândia”, texto para individual de Laerte Ramos (Galeria Estação, São Paulo, 2023); “Fragmento-Memória [tudo parece já ter sido assim antes]”, texto e acompanhamento crítico da exposição individual de Carol Ambrósio (Ateliê 284, São Paulo, 2022); “Segundo plano”, curadoria em parceria com Júlia Lima (Casa Tato, São Paulo, 2020); “Escola de brincar”, prefácio do livro “O jogo que continuamos a brincar, mesmo depois de grande, é a brincadeira do esconde-esconde”, de Victor Santos (Editora Hecatombe, 2021).

Quando o sol passa por meus olhos (2023), obra de Hanz Ronald para sua exposição na Galeria Plexi. 

A Galeria Plexi é um ambiente de arte contemporânea que potencializa o diálogo entre artistas emergentes e o mercado de arte em todos os seus desdobramentos. As produções possibilitam um novo olhar para as artes visuais e o design nacional, com mostras individuais e coletivas, que abrangem temas para fomentar a cultura no cenário da arte brasileira.

Comprometida com o entendimento de novas poéticas e discursos na contemporaneidade, a Galeria Plexi tem como pilar fundamental a troca de conhecimentos e de vivências. Sua fundadora, Anna Barreto, acredita que o trabalho da galeria visa para além da seleção e da representação de obras de arte para contextos institucionais: “a Galeria Plexi busca conhecer quem produz, mas principalmente, compreender quais são as motivações por trás de cada trabalho/obra. Com isso, fornece um amplo campo de pesquisa e de troca entre artistas e curadores”.

Obra de Hanz Ronald para sua exposição ELÃ, na Galeria Plexi.
Obra de Hanz Ronald para sua exposição ELÃ, na Galeria Plexi.

Além disso, a galeria também realiza o acompanhamento curatorial, com o intuito de se inserir no universo particular do artista-produtor de forma observativa, analítica e propositiva, traçando um panorama imagético dos cenários individuais que compõem uma sociedade multicultural. Ao costurar esses universos particulares em redes, que estabelecem diálogos, podemos traçar novos caminhos e narrativas para as artes. E para que isso possa acontecer, é fundamental estabelecer uma relação de proximidade; seja realizando visitas em atelier ou ao manter contato por meio de videoconferências, cruzando conceitos ou até mesmo, ao realizar interlocuções de forma transdisciplinar entre artistas, pesquisadores, curadores, colecionadores e convidados. Entre os artistas representados pela galeria: Amanda Jacobus, Beré Magalhães, Hanz Ronald, Luciano Maia, Renato Gosling e Sheila Kruger.


ELÃ, uma exposição individual de Hanz Ronald com curadoria de Bruno Novaes para a Galeria Plexi na Rua Patizal, nº 76, Vila Madalena, São Paulo. Período expositivo: de 24 de agosto a 20 de outubro de 2023. Entrada Gratuita.


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Publicado por:Philos

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