Cida Pedrosa e Eliakin Rufino levam humor, performance e denúncia para o Clube de Leitura CCBB 2023

Os clubes de leitura estão fazendo uma revolução silenciosa e fomentando um público leitor ardoroso e qualificado. Eles são um grande caminho para aproximar a literatura das pessoas”. A afirmação é da poeta pernambucana Cida Pedrosa -vencedora do Prêmio Jabuti e Livro do Ano em 2020 -, que estará no encontro do dia 9 de agosto, no Clube de Leitura CCBB 2023, no Rio, juntamente com Eliakin Rufino, poeta e performer roraimense. Para ele, “esta é uma grande oportunidade de falar não só da própria produção literária, mas sobre a literatura em Roraima”.

Os livros a serem lidos durante a sessão – As filhas de Lilith, de Cida, e Gaia Viva, de Eliakin – foram escolhidos pelo público, no Instagram do CCBB RJ. “É meu livro mais recente, o texto é poético e propõe uma relação humana e harmoniosa com a Terra, incluída aqui a Amazônia. As  ilustrações são da artista Graça Lima e a música Gaia, que o leitor acessa enquanto lê, é interpretada por Nilson Chaves,  meu parceiro nessa composição”, alegra-se Eliakin.

Cida Pedrosa

Em As filhas de Lilith, são 26 personagens-poemas, que retratam a vastidão do universo feminino de A a Z, e reforçam a temática de gênero, uma das maiores bandeiras de luta de Cida Pedrosa.

Cida e Eliakin inauguram a presença da poesia no Clube de Leitura CCBB 2023 de forma especial. “Suas vozes poéticas – apesar de estilos distintos – trazem até nós o Brasil desconhecido em história e denúncia, principalmente no que tange a seus temas e problemas”, explica Suzana Vargas, curadora do Clube de Leitura CCBB 2023, e para quem o Nordeste e a Amazônia surgem tocados tanto pela veia musical de Eliakin – poeta, compositor, filósofo e performer – quanto pelo canto verbi-voco-visual de Cida que rompe a barreira dos gêneros, dando à  história do Brasil o caráter de epopeia moderna e, ao mesmo tempo, ancestral. Em As filhas de Lilith, o livro escolhido, vemos a mulher em todo o esplendor de seu erotismo forte, autônomo, guerreiro e amoroso ao mesmo tempo.”

Suzana afirma que, em alguns de seus trabalhos, Cida faz a denúncia da brutalidade e violência vividas pela população desde seus primórdios mesclando-a a acontecimentos pessoais. Em Eliakin, o lirismo, a cantoria, e a imersão na Amazônia e no Norte brasileiros, regiões das quais seus  textos herdam os motivos. “Em ambos, encontra-se a alegria do humor, da performance e da denúncia, mostrando-nos um Brasil plural e controverso. Esse país vivo e pulsante é o que teremos no encontro com esses dois poetas”, afirma Suzana. Para a curadora, esse é o momento de o Clube inserir a força da poesia contemporânea brasileira,  produzida fora do eixo Rio-São Paulo em sua programação.

O leitor-espectador do Clube terá, portanto, contato com o lirismo e a história do povo brasileiro e de suas mulheres em textos líricos e quase épicos na sua abordagem. O encontro com Cida Pedrosa e Eliakin Rufino acontecerá no dia 9 de agosto, às 17h30, na Biblioteca Banco do Brasil, no 5º andar do CCBB RJ, com entrada gratuita, e participação virtual das poetas Bruna Mitrano, do Rio de Janeiro, e Carla Nobre, do Amapá. O Clube de Leitura CCBB 2023 conta com o patrocínio do Banco do Brasil. Os vídeos dos encontros ficam disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. O projeto vai até dezembro de 2023 e já contou, este ano, com as participações de José Eduardo Agualusa; Luiz Fernando Carvalho, Ítalo Moriconi, Conceição Evaristo, Mia Couto e Antonio Torres.

Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros. A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 250 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.


Cida Pedrosa veio ao mundo em 1963, em Bodocó, Sertão do Araripe, Pernambucano. Como condição intrínseca de quem é sertaneja, tornou-se poeta e, na década de 1980, coordenou o Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco, com uma série de escritores que revolucionaram a literatura local. Publicou onze livros de poemas, sendo os mais recentes Araras Vermelhas (Companhia das Letras, 2022), Prêmio APCA de Poesia e Melhores de 2022, pela Folha de São Paulo; Estesia (2020); Solo para vialejo (2019), vencedor do Prêmio Jabuti 2020 (Livro do Ano e Livro de Poesia); Gris (2018), Claranã (2015); Miúdos (2011) e As filhas de Lilith (2009). Tem participação em antologias de poemas e contos no Brasil e no exterior. Alguns de seus livros foram selecionados pelos prêmios Portugal Telecom e Prêmio Oceanos de Literatura. Atualmente vem se dedicando a falar sobre literatura no canal Fresta.

Eliakin Rufino

Eliakin Rufino é poeta e compositor, com 43  anos de atividade artística na Literatura e na Música Popular Brasileira.  Na área da Literatura, no decorrer deste período, publicou 11 livros de poemas: Pássaros ariscos, 1984; Poemas (haicais), 1987; Escola de poesia (infantil),  1990; Brincadeira (infantil), 1991; Poeta de água doce, 1993; Versão poética do ECA, 1995; Poesia para ler na cama (erótico), 1997; Haikais, 2010; Cavalo selvagem (antologia), 2011; Cavalo selvagem (infanto-juvenil ilustrado), 2016. Na área da música, começou a gravar como integrante do Trio Roraimeira, junto com Neuber Uchôa e Zeca Preto. O Trio lançou o LP Roraima, 1992; O canto de Roraima e suas influências indígenas e caribenhas, 2000; Roraimeira – o canto de Roraima, Prêmio Funarte, 2009 e Roraimeira 30 anos, ao vivo, 2014. Em sua carreira solo, Eliakin Rufino lançou Amazônia legal, 1997; Me toca, 1998; Eliakin em Porto Alegre ao vivo, 2006; Mestiço, Prêmio Rumos Itaú Cultural, 2008; Eliakin Diz, 2011. Sua atividade literária mais recente foi no Projeto Arte da Palavra, Sesc  Nacional, em 2019, com turnê por 7 cidades brasileiras do Sudeste e Nordeste. Já a musical mais recente foi o recebimento do Prêmio Grão de Música Brasileira, um reconhecimento ao seu trabalho de compositor e sua participação na MPB, em 2019, em São Paulo.

Suzana Vargas é poeta, ensaísta, escritora e professora e mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Publicou 16 livros, entre os quais Caderno de Outono, finalista do prêmio Jabuti. Tem poemas traduzidos em países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França. Fez a curadoria de importantes projetos literários para feiras e eventos nacionais e internacionais como as Bienais do Livro do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Primavera dos Livros, a campanha Paixão de Ler e os Encontros com a Literatura Latino-Americana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Assina a coluna mensal “Escrever para Lembrar” no portal Publishnews – 2021. Há 27 anos criou e coordena o espaço de oficinas de criação literária Estação das Letras, único no país.


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Publicado por:Philos

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