Este não é um texto de ficção. Embora eu não garanta que tudo a seguir seja verdade. Não nos apresentamos ainda formalmente. Aliás, é para isso que escrevo neste momento. Apresentar-me. Chamo-me Thássio. De verdade. Mas nos conhecemos de todo modo. De certo modo, ao menos. Eu sou escritor. Provavelmente você nunca leu nada meu. Mas já publiquei por aí. Um desses novos escritores, cujo nome é ou não familiar, pelas infinitas páginas do mundo físico e da internet, tentando neste momento agarrar sua atenção. Você nos conhece. E também, de certo modo, eu conheço você. Quem lê. Onívoramente, se for como eu mais do que menos um tanto. Eu conheço você, acho, talvez, lendo, tentando decidir, neste momento, se vai em frente.
Vá em frente, por gentileza.
Gosto de contar que quando me alfabetizei ganhei de presente um livro em rimas, No Reino da Pata Leca: “No sopé da grande serra / onde o céu toca na terra / é o começo dessa história / guardem todos na memória”. Eu guardei. Acho que foi minha primeira porrada poética.
Vieram outras. Clarice, por exemplo. Em um poema digo (Digo? Não. Os poemas dizem-se, não somos nós que dizemos neles) que jamais poeta algum moldou a língua portuguesa como Clarice Lispector. Licença poética apenas, gente, não é teoria literária.
Mas as minhas influências talvez não interessem a você neste momento. Interessa o que eu tenho a dizer. Eu vou chegar lá, vá em frente, por gentileza.
Para além de me conhecer teoricamente, você talvez já tenha lido, aqui na Philos mesmo, meu nome e algumas palavras minhas (Minhas? Não. As palavras são do mundo, nós apenas as arquitetamos como quem arquiteta fotografar o sol mas nem por isso se apossa da luz). Publiquei dois poemas em janeiro deste ano. E depois fui correspondente da Revista na FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty. E depois desse depois, mas ainda dentro dele (sim, eu quase sempre sou, ou soo, um tanto plurívoco, mas tentarei não ser confuso além do necessário, ou do saboroso), publiquei na íntegra uma entrevista que havia inaugurado, em versão parcial, a correspondência na FLIP.
Agora é diferente. Mais pessoal. Autoral. Conhecer o que já publiquei, aqui na Philos ou alhures (regrandificar a beleza de palavras esquecidas: alhures!), é fácil: uma busca no site, uma olhada ali no Sobre o Autor. Você já me conhece, teoricamente, e já conhece, ou pode conhecer a qualquer momento, a qualquer clique, o que publiquei por aí, por aqui. Mas o que você conhece de mim não é o que eu sou neste momento, enquanto escrevo para que me conheça. Nem o que desejo que você conheça do que irei escrever e publicar agora que me tornei colunista da Philos. Por isso, essa longa apresentação.
Quem escrevo agora é este, pois: o novo colunista da Philos. Tentando agarrar sua atenção hoje e daqui para a frente. Deixando que poemas que virão digam-se aqui neste espaço, com sua voz de poema, com sua carne de poema, com seu desenho de poema que eu não sei de onde virão. Mas virão. Arquitetando palavras outras, em prosa, em entrevistas, em fragmentos, experimentos, arquitetando a palavra em casa e em desabrigo, em pulsação e regaço, a cada vez que eu vier aqui escrever para você.
Oferecer-me a você.
Venha comigo. Vamos em frente, por gentileza.


Thássio Ferreira (Rio de Janeiro, 1982). É poeta e contista, autor do livro de poemas (DES)NU(DO) (Íbis Libris, 2016) e de contos publicados nas antologias Prêmio VIP de Literatura 2016 (A.R. Publisher, 2016) e “Entre Amigos” (Sinna, 2016). Recentemente, seu livro inédito de contos “Cartografias” foi um dos pré-selecionados ao Prêmio Sesc de Literatura 2017. Tem poemas e contos publicados em revistas diversas como Philos, Germina, Mallarmargens, Revista Semeadura e Avessa.

Publicado por:Philos

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